Impossível refletir sobre Picos, sem imergir numa espécie de saudosismo melancólico e confrontar o “Vale do Guaribas” com a “Capital do Mel”, passando pela “Cidade Modelo” e a “Capital Centro-Sul do Piauí”.
O Vale do Guaribas se sustentava na cultura da cebola e do alho, que vestia de verde suas ramagens, como a retratar a esperançados picoenses em dias melhores.
A Cidade Modelo, na sua exuberância de concreto, pretendia tornar-se o paradigma do progresso regional. A Capital Centro-Sul assim se fez pelo desenvolvimento comercial acelerado, impulsionado pelo caráter metropolitano em relação a macro-região.
Eis que na virada do século, surge a “Capital do Mel”, exportando ouro líquido, cuja produção as sábias abelhas devem a um determinado tipo de vegetação nativa. Bendito mel! Além de energizar a economia local leva a sua capital além-fronteiras e torna-se responsável pela inserção da mesma no mercado internacional.
O Vale evolui para Vila, a Vila para Cidade Modelo, que passando pela Capital Centro-Sul, atinge o topo “Capital do Mel”.
Enquanto isso, nos bastidores da cultura...
A vida-vila vale a pena!!!...
Os ícones lutam com suas armas.
“O garimpeiro” morre e deixa viva as “memórias”.
A menina dos “Momentos” vira a mulher da política e corrige a falha da bandeira. Abandona a política e empresta sua voz ao “Hino” e ao rádio, em busca de causas mais nobres.
Dentre os poetas, há o compositor do hino que oficializa o pseudônimo “Cidade Modelo”, convida-a a “seguir em frente”, exalta “os montes colinas e serras e a memória dos seus ancestrais”.
Outro, historiador, registra a história da “Picos progressista” e canta as biografias dos filhos ilustres nas rimas do cordel.
O poeta do “rio” corta a vida com “Cacos de Vidro”, “vela vitrais na vida”, vislumbra o renascimento do Guaribas e, com um beijo, saúda o seu caudal, “ressuscita o morto”, foge dos cacos do rio e vira “Caçador de passarinhos”.
O menino que pensava a “Verdade dos Sentimentos” misturou “Fantasias e Verdades” e “Repensando” se fez de “De Corpo e Alma”.
O poeta ébrio, pelo “Manifesto do Alho”, materializou seu sonho na gênese da U.P.E. – União Picoense de Escritores – (Celeiro de literatos, que congrega, entre muitos outros, uma arquiteta de versos das Alagoas e um artesão das palavras de Loreto-MA.)
O advogado declara: “Segui trabalhando de dia e estudando de noite vida a fora”, “Das Pedras aos Picos”, “Etc & Tal”.
Um jornalista teimoso reedifica-se, noticia e advoga a causa da cultura regional. E um Barão pinta a cara para colorir o mundo, enquanto nas “Fontes” a artista plástica pinta o “SET” do filme da vida.
O cantor das “Mudanças” conta dinheiro, estuda “Direito” e, errante, acerta em cheio ao dividir o palco do “Show de Domingo” com talentos locais.
As fugitivas da tribo de Icós e do clã dos Mendes encontram no verso o porto seguro para as divagações, enquanto uma poetisa bebê faz, desfaz e refaz “Os Rabiscos de Pensamentos”.
“Tudo isso acontecendo” e o Vale do Guaribas trocando o cenário, substituindo os canteiros de cebola e alho pelos canteiros de obras, que, insatisfeitos com as margens, teimam em invadir seu leito, misturando-se aos esgotos “fraturas expostas” banquete de abutres.
Como bem disse o poeta do rio, “O homem mija na solidão das tuas costas”, porém um garoto de dez anos sonha em ser cientista para fazê-lo renascer.
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