MENSALINHO? NÃO!MENSALÃO? NÃO!
Uma noite de domingo, em companhia da inseparável insônia, procurava algo para ver na televisão, além das imagens do Congresso Nacional e dos exaustivos noticiários sobre mensalão, mensalinho ou bandejão: cognomes da corrupção, deparei-me com um documentário sobre as visitas aos presídios da grande Rio....
Por falta de opção e por curiosidade, atentei para as entrevistas exibidas – que tomo a liberdade de qualificá-las como deprimentes – assim como para as imagens em foco: mulheres completamente desnudas tendo que se agachar e erguer-se por várias vezes seguidas, alimentos sendo revirados até se assemelharem a lixo, entre outros procedimentos de praxe.
Mudei de canal após ouvir a entrevista de uma senhora, que afirmava estar, naquele dia, fazendo sessenta anos. Ia visitar um filho e levava consigo uma neta – uma criança de aproximadamente dez anos. Ela foi barrada na revista, pois portava uma cédula de cinqüenta reais – e, chorando compulsivamente, enfatizava ser o pior aniversário de sua vida.
Mudar de canal não foi suficiente, a imagem daquela senhora continuou a povoar a minha mente.
Teria ela consciência do que aquele dinheiro poderia comprar lá dentro? Ou apenas o coração materno vislumbrava um pouco mais de conforto e bem-estar para o seu filho? Seria ele inocente como a mãe afirmava? Ou os olhos de mãe embaçavam a visão de um culpado? Teria ele uma culpa equivalente àqueles que estão sendo investigados pela C.P.Is? Perguntas que jamais terão respostas...
Aquela situação humilhante se repete a cada dia de visita aos presídios, e nela estão envolvidas milhares de pessoas inocentes: mães, esposas, filhos, irmãos, familiares e amigos. Isso é realmente triste, porém o de mais triste e deprimente nisso tudo é pensar que poucos são os inocentes que povoam o interior de um presídio, e muitos são os inocentes que foram por eles tiranizados, às vezes até fatalmente. Mas tristeza imensurável e irremediável é saber que muitos deles, apesar de cometerem atrocidades piores, são escolhidos para representar o povo.
O que representam cinqüenta reais daquela senhora comparados ao volume exorbitante de dinheiro retirado dos cofres públicos que descansam em paraísos fiscais?
Seria a criminalidade e a corrupção um vírus?
E se assim o fosse, poderia a ciência inventar uma vacina?
O BRASIL PEDE SOCORRO!!!
Chega de mães sendo humilhantemente revistadas em visitas aos presídios! Chega de lágrimas maternais derramadas torrencialmente! CHEGA DESSE AMOR/HUMOR LIQUIDO A ESCORRER PELAS FACES MAPEADAS PELA DOR!
Sobretudo, chega de lágrimas de revolta e decepção por tantos votos perdidos ou, pior, utilizados como arma de destruição em massa contra o povo brasileiro!
O que poderia a ciência fazer para transfigurar este cenário enquanto a vacina antidesvio de caráter não é inventada? Poderia a engenharia genética identificar o gene da corrupção e, apesar de não poder fazer nada pela geração atual, imunizar as futuras desse mal que assola a humanidade?
“Meus heróis morreram de overdose, os meus inimigos estão no poder. Ideologia eu quero uma pra viver...” Cantou Cazuza.
Os meus estão paulatinamente se contagiando pela síndrome do “ter e poder”
Resta-me torcer para que os poucos que sobraram não sejam infectados pela virose da corrupção que se alastra no poder e permeia a concepção de “política” vigente no país verde e amarelo.
“IDEOLOGIA?!!!” “EU TAMBÉM QUERO UMA PRA VIVER!”
Ah! Já encontrei: “A ALMA DO POVO ESTÁ FERIDA” Chico Buarque de Holanda.
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