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domingo, 29 de novembro de 2009

NO VALE DE MEL OS ABUTRES REINAM ABSOLUTOS

“Apagaram tudo, pintaram tudo de cinza, só ficou no muro tristeza e tinta fresca.” [1]
No céu e solo picoense os urubus tingem de cinza nuvens e muros.
Nada de néctar, apesar das flores... As abelhas precisam migrar para os municípios vizinhos, a fim de perpetuar o título que levou a nossa querida Picos além fronteiras. Aqui “banquete mesmo só para os abutres”, que continuam saneando basicamente toda a cidade, completamente à vontade no seu habitat. Os demais habitantes, têm mesmo é que respeitá-los.
Em geral as pessoas nutrem por esse animal um sentimento de repulsa, porém ninguém parou para pensar no que eles sentem em relação a essa espécie que se julga superior.
“Os incomodados que se retirem!” – não seria essa a resposta que dariam cada vez que alguém tentasse expulsá-los do seu ambiente natural?
Este vale de ternura e amores tantos, celeiro de grandes literatos e múltiplos talentos artísticos, está um tanto caótico...
“O mundo é uma escola, a vida é um circo” ¹
Não sei se por ingenuidade ou por consonância ideológica, alguns picoenses, ou não, a exemplo de brasileiros do século XIX, continuam inspirados no positivismo de August Comte... “progresso” ou regressão?
“...Por isso eu pergunto a você no mundo, se é mais inteligente o livro ou a sabedoria?” ¹
E os poetas? Migraram tal qual as abelhas ?!!
Estão mudos?! August Comte não os inspira?! Terá sido porque ele inspirou Mussolini?!
“Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade, merecemos ler as letras e as palavras de gentilezas...” ¹
As abelhas devem permanecer nos campos aproveitando as melhores floradas para produção do melhor mel. E os poetas, também? Ambos têm picadas doloridas, se não venenosas... Mas... Quem adoçará os becos sem saída da capital do mel? Quem chorará “o vale de lágrimas” neste vale de ternura e amores tantos?
Que retornem os poetas: “o mais picoense de todos”, “o poeta do rio”, “o artesão das palavras” e tantos quantos as flores e/ou as dores quiserem cantar. Quem sabe, todos juntos comporão um dia uma epopéia ao vôo rasante do pássaro ambientalista. Ressuscitem os recitais!!!
Simultaneamente os artistas plásticos poderiam decorar nossos muros com “letras e palavras de gentilezas”.¹
Que eleve a voz, “o cantor das mudanças” e entoe um acalanto aos corações angustiados, ou uma canção inquietante que incite mil e tantas reflexões, despertando até os alienados.
Que venha a anistia aos exilados e prisioneiros, e que a liberdade possa colorir de azul, tal qual o céu de Fernão Capelo Gaivota, o cinza do céu picoense que perdura há tanto tempo.
Que venha um profeta (Gentileza alcançou por fim a sua liberdade) para afirmar novamente *“Amor palavra que liberta” ¹
Picoense, ame a sua cidade mais e mais!!!
PICOS: “AME-A OU DEIXE-A”?! JAMAIS !!!


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[1] MONTE, Marisa. Gentileza. In.Coletânea MPB. 1998

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