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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

E somos muitos carregando água na peneira

CARREGANDO ÁGUA NA PENEIRA EM VALENÇA DO PIAUÍ

Este telefone que não pára de tocar! Que outra alternativa, senão atender! É a Lêda tentando me acordar... São quase cinco horas da manhã e Valença nos espera! Ouço uma buzina é o meu irmão que me esperva há mais de meia hora. Pedi que ele fosse buscar a Lêda enquanto eu me arrumava... Cerca de trinta minutos depois pegamos a estrada.

Constatei que a paisagem banhada pela luz do sol é linda! Árvores revestidas por ramagens coloridas, flores brancas, amarelas e roxas... tantas cores revestindo as colinas e ladeando a estrada.

Desvio o olhar do cenário e olho de soslaio para o ponteiro (estavámos a 120, 140 km p/h). Meu irmão cantarolando o forró que toca no som do carro e o tempo passa rapidamente. (meu irmãozinho de 36 anos, pai de dois filhos, quase caçula, é o nono dos dez filhos, e o único homem entre as nove mulheres.).

Chegamos a Valença, hoje especialmente linda, reluzindo a luz solar depois da chuva, gotas cintilantes deslizando nas folhagens das árvores e arbustos. O dia está realmente explêndido revestido dos ares de inverno. Em nada se parece com a Valença que deixamos na penumbra há quinze dias atrás.

Passamos em frente ao colégio, muito cedo ainda! Então fomos tomar o café da manhã.

Antes das sete e meia voltamos à escola. Estavam à nossa espera apenas a Sandra e uma professora. Por um momento tivemos receio que o pessoal das outras cidades e da zona rural não comparecesse. Entretanto, meia hora depois já tínhamos um número razoável de cursista e iniciamos os trabalhos do dia.

Como sempre levei um slide com um texto, desta feita, algo direcionado ao dia da mães: "Mulheres", de Luís Fernando Veríssimo. "As mulheres são mães e preparam literalmente gente dentro de si..." É evidente que textos como este massageiam a alma feminina, então nem precisava registrar que: todas amaram!

Na sequência realizamos a abordagem teórica do programação: "Ar o cheiro da terra." Vale ressaltar que este tema abriu espaço para a participação de todos, cada um tinha algo a acrescentar, muito bom!!!

Após um pequena pausa para o lanche partimos para as atividades práticas, o que é sempre motivo de "festa", todos deixam o seu lado criança agir e vira uma algazarra: experimentar sucos diversos com o nariz tampado e adivinhar o sabor, manipular o "pulmão" confeccionado com balão e garrafa peti, mergulhar um copo com papel (no fundo do copo) na água e não molhar o papel, virar o copo com tampa de papel e a água ficar retida, tudo vira festa, principalmente quando o papel cai e a água derrama... Mas, nada pode ser comparado a peripécia de carregar água na peneira. É muita água derramada no chão e muita emoção quando se consegue, sensação inenarrável!!!

Bendita seja a Dra Deisy Munhoz que nos orientou na realização de tão magnífica experiência! Eu, que até então, só conseguia vislumbrar tal feito através de uma licença poética.

Os professores da zona rural de Novo Oriente sugeriram não pararmos para o almoço, pois temiam que as chuvas da tarde elevasse o nível de água dos riachos, impedindo a volta para casa. Todos concordaram e após a diversão com os experimentos exibimos o filme: "Uma verdade incoviniente", que despertou muito interesse por tratar-se de um documentário de um ex vice-presidente, então à medida que Al Gore ia colocando as questões ambientais, a turma ia relacionando com o que havíamos explanado durante a aula. Para finalizar fizemos um pequeno sorteio.

Por volta das quatorze horas os professores de Novo Oriente e Pimenteiras se retiraram e aos poucos a sala foi ficando vazia, a última professora a sair foi Nailê, como sempre a primeira a chegar e a última a nos deixar. Adoro a Nailê, ela demostra muito compromisso com a educação! Sozinhas tratamos de arrumar nosso material, e ligar para o locador do equipamento multímidia, tão logo ele veio pegá-lo, nos despedimos da Sandra e voltamos ao centro da cidade para guardar o material excedente e pegar nossos objetos pessoais.

Almoçar ou viajar? "Eis a questão!" Optamos por pegar a estrada com a luz do dia. Meu irmão muito solícito (perdendo um dia de suas férias), nos ajudou a arrumar a bagagem no carro, embora protestando que nós devíamos almoçar, pois ele já o tinha feito, acatou nossa decisão. E aos poucos pessoas, casas, carros, componentes do cenário valenciano foi ficando para trás.

O percurso de volta foi agradabilíssimo, a Lêda sugeriu a leitura dos registros, porém recusei e aleguei que era melhor conversar e admirar as diferentes paisagens formadas por belíssimos acidentes geógraficos e pela diversidade vegetal que margeia a estrada, ao som das músicas animadas do repertório preferido do meu irmão. Ela concordou, pois, sempre que viajamos o crepúsculo esconde muitos elementos que somente com a luz do dia e sob a chuva tem lá seus encantos.

Então começamos pela avaliação do encontro e realmente ficamos sensibilizadas com o pessoal que mora na zona rural, pois o deslocamento até Valença se constitui em uma verdadeira via crucis para muitos deles, porém, sempre expressam que a troca de experiência vale todo o sacrifício e por isso atravessam lagoas e riachos a pé empurrando motos e carros, mas não cogitam perder a aula. São pessoas assim comprometidas com a educação que nos permite acreditar no futuro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fiquei emocionada ao ler o texto e saber que nosso trabalho desperta tantas emoções.
É gratificante saber da dedicação dos tutores. Parabéns.
Deisy