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sábado, 28 de novembro de 2009

"AFETOS INTEGRAIS E REFINADOS"


O alarme dispara, são cinco horas e trinta minutos da manhã, hora de acordar para um dia intenso. Em questão de segundos ponho-me de pé. Tenho muito que viver e fazer hoje. Apresso-me na higiene matinal, coleto todo o material separado na noite anterior, acordo o meu filho para pegar o carro e minutos depois fazemos o primeiro percurso até a casa do Lairson.
Na volta pegamos Leda II (cursista) e saímos em direção à casa da Lêda I (tutora). Terminada a excursão pela zona leste rumamos em direção oposta, para ponto de encontro da turma de Paquetá, pois, o cursista Francildo conduzirá nosso carro até Ipiranga.

O pessoal de Paquetá chega e Francildo assume a direção, meu filho tem trabalho hoje e não pode nos acompanhar. Iniciamos a nossa viagem tranquilamente rumo ao Ipiranga. No caminho conversávamos sobre a programação do dia e lamentávamos ter chegado ao final de um convívio tão bom. Lêda lembrou que Lairson tinha feito uma palestra no primeiro encontro da primeira formação (em Valença) e agora faria uma palestra no último encontro desta segunda. “Abrindo e fechando com chave de ouro!” Concluiu Lêda I.

Chegamos ao nosso destino e a turma de Ipiranga já estava a postos, logo depois chegaram as cursistas de São João, esperamos um pouquinho pelo pessoal de Paquetá e tão logo adentraram o recinto começamos os trabalhos do dia.
Propus uma dinâmica com balões para quebrar o gelo, na sequência apresentei o psicopedagogo Lairson e anunciei a palestra que faria: “Afetos integrais e refinados o que é o afeto dentro de nós?”.

Nesta imersão em afetos refinados ou não, integrais ou integrados permanecemos todos apreciando as palavras do psicopedagogo, perguntando, questionado e descobrindo o que realmente nos afeta e como somos afetados.

Ao término da esplêndida participação do Lairson fizemos a pausa para o lanche, em seguida retornei com um debate sobre inclusão digital e algumas dicas acerca da importância de utilizarmos a nosso favor a nova tecnologia informacional e lutarmos pela inserção dos nossos educandos no universo digital.

Discorrendo sobre inclusão digital aliada a educação como estratégia de igualdade social, voltei no tempo: início dos anos oitenta quando percorria as comunidades da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios de Picos sob a tutela do então pároco Alfredo Schaffler[1] em encontros comunitários proferindo palestra sobre a exclusão e equidade social. Vislumbrávamos uma minimização do quadro de miséria de algumas comunidades através da união dos membros dessas e de mutirões em empreendimentos comunitários. Um discurso “utópico”? Sim, mas na dimensão do realizável. Colhemos bons frutos dos cursos e palestras que promovíamos.

Apesar de empolgada com o assunto, não fiz nenhuma referência ao passado, apenas apreciei a participação dos cursistas, entretanto, estava ansiosa pelo momento especial deste dia: a socialização dos projetos realizados pelos professores.
Paquetá foi a primeira equipe a socializar seu projeto, uma iniciativa da cursista Francileide (Leda II) que escolheu como tema o da própria formação “A terra em que vivemos: Paquetá do Piauí”. O projeto subsidiou a II noite cultural do município realizada na localidade Pai Amaro.
Para esta apresentação fizeram um repeteco das exibições da noite cultural da quinta feira passada. Montaram o painel “meio ambiente” e pontos turísticos (paisagens naturais e figuras rupestres), a Leda (cursista) expôs o projeto e por fim o professor Francildo fez funcionar sua engenhoca (uma hidroelétrica em miniatura). Eu sabia que a maquete da usina hidroelétrica ia encantar a todos e encantou.

A dinâmica da apresentação foi interrompida, muitos cursistas levantaram-se de seus lugares para ver a maquete acender. A expectativa era grande. Demorou... Mas acendeu. No vídeo pode ser comprovado.

Depois do show desta turma, os professores ficaram tímidos e nem queriam mais apresentar seus trabalhos. Com incentivo de todos os presentes, as professoras de Ipiranga e São João resolveram socializar rapidamente suas experiências. A expectativa pela revelação do amigo oculto era grande. Por fim chegou o momento, gastamos cerca de quarenta minutos na troca de afeto e presentes.

O tempo correu e ninguém se deu conta, passava das treze horas quando fizemos uma pausa para a solenidade de encerramento preparada pelo pessoal de Ipiranga.
Passei então o “bastão” para Francisca Moura que conduziu o ato solene partindo da composição da “mesa de honra” (prefeita e secretária de educação de Ipiranga, secretário de educação de Paquetá, Lairson, a cursista Socorro representando a turma e um diretor de escola).
O hino da cidade foi entoado pelos ipirangueses, em seguida o balé fez duas lindíssimas apresentações e na sequência o pronunciamento dos componentes da mesa. Eu fui a primeira a ser chamada para falar, abreviei ao máximo minhas palavras e todos fizeram o mesmo. Nos pronunciamentos as autoridades exaltaram o nosso trabalho e relevaram a importância da formação continuada. Lairson (que achava já ter dito tudo, foi convocado por todos a deixar suas palavras finais) enfatizou a questão do afeto na ação do educar.

Às quatorze horas a solenidade foi encerrada e todos convidados a degustar as delícias do almoço preparado pelo pessoal da secretaria de educação de Ipiranga e servido ali mesmo.
Retomamos os trabalhos (noventa minutos depois) com o atendimento a cada cursistas(recebimento de projetos, cd, relatórios de atividades etc.) Em seguida propusemos a avaliação do curso e o último registro. Em virtude da resistência da maioria dos professores em fazer o ultimo registro sugeri uma dinâmica “a carta de despedida”.
O dia chega ao fim, o curso, a convivência, porém, as múltiplas vivências permanecerão nas lembranças e nas ações de muitos professores.

Eu havia preparado uma trilha sonora para este momento, mas, Lairson se adiantou e exibiu um belo musical em slide me animei, cantei a turma acompanhou cantamos juntos...
“Eu não sei pra onde vou [...] Onde o vento me levar vou abrir meu coração... “Nada do que foi será de novo/ do jeito que já foi um dia...” “Já está chegando a hora de ir, venho aqui me despedir e dizer/ em qualquer lugar por onde eu andar/ vou lembrar de você [...]

Outra vez os sentimentos fluem na forma de antítese, por um lado a felicidade decorrente do alcance dos objetivos, a serenidade que advêm da confiança do cumprimento do dever. Por outro lado, a saudade antecipada na projeção dos sábados que virão.
Foram tantos abraços troca de palavras afetuosas, um festival de emoção e algumas lágrimas. Mas, antes que a noite estendesse seu véu sobre a paisagem, nos despedimos de Francisca e tratamos de retornar a Picos.

[1] Atualmente bispo diocesano de Parnaíba-PI

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