Picos acordou abruptamente com a fúnebre nota de falecimento do profissional polivalente Totonho Silva. Inúmeras pessoas externaram seus sentimentos de pesar, indignação, angústia e desespero... Profissionais da comunicação se uniram e através da Cidade Modelo, informaram ao público ouvinte sobre a vida e morte do radialista fundador da emissora.
Eu acordei ao som da nota da tristeza. Ouvia tudo e todos e não acreditava... Queria despertar do pesadelo e não conseguia...
Pela primeira vez na minha vida testemunhei três mestres da oratória (meus queridos mestres) afirmarem estar literalmente sem palavras: Ozildo Batista, Chaguinha e Toni Borges. Se eles emudeceram diante da atrocidade do acontecimento... E eu?
Permaneci imóvel perto do aparelho receptor e até chorei com Fátima Miranda, porém foi Augustinho Hipólito que me trouxe de volta do final dos anos setenta, ou início dos oitenta. Quando conheci um jovem de cabeça cheia de cachos e sonhos. Um ícone da comunicação picoense despontava, eu que nem imaginava, enxergava apenas um ídolo da garotada.
Lamentei profundamente esta mania que tenho de me esconder de tudo de todos e quase sempre me calar... Apesar de sentir e saber da relevância dos múltiplos serviços prestados por “aquele” menino à comunidade picoense, não o disse pessoalmente. Agora repito a lista de outrem a mim mesma.
Algumas pessoas disseram: ”calaram a tua voz...” Eu porém digo: mataram o homem, a voz não se calará. Não, enquanto a família Cidade Modelo tocar adiante o projeto dele, fiéis aos seus ideais no exercício de comunicar.
Mataram o homem!? Plantemos o sonho!!!
Totonho Silva foi simultaneamente jornalista, radialista, empresário enfim um empreendedor, mais que tudo isso foi um lavrador de sonhos. À sua família (unida pela consangüinidade ou por afinidade), compete agora continuar não apenas a colheita, mas, sobretudo, (a exemplo dele) o cultivo cuidadoso da sua sementeira de sonhos.
Não enterrem o semeador e sim a sua semente, para que seres humanos com toda sua coragem, determinação e simplicidade possam florescer.
* Ana Maria Coutinho Feitosa – pedagoga e membro da União Picoense de Escritores
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