Promessas de amor
Me fizesseste tantas
Que perdi a conta.
Com tanta certeza,
Tanto fervor.
Entretanto partiste calado,
Sem me dizer nada.
E o adeus no silêncio ficou.
Amei, amei demasiadamente.
Chorei incosoladamente.
Lágrimas de revolta e dor.
(Partiste)
Partiste repentinamente.
Sem um adeus se foi para sempre
E já não posso pedir novamente,
Que voltes a me fazer
PROMESSAS DE AMOR
domingo, 29 de novembro de 2009
PROLE
O melhor de mim,
O melhor de ti,
O melhor que há em nós
Cuidadosamente guardado
Para o ser que há de vir
Caprichosamente repassado
O caráter, a forma, o brilho do olhar
A perfeição de células por Deus delineadas
Com a benção divina
Em dez multiplicadas
Ou seria divididas?!
Igualitariamente distribuídas
Entre cada um dos frutos
Bendito D.N.A.
O melhor de ti,
O melhor que há em nós
Cuidadosamente guardado
Para o ser que há de vir
Caprichosamente repassado
O caráter, a forma, o brilho do olhar
A perfeição de células por Deus delineadas
Com a benção divina
Em dez multiplicadas
Ou seria divididas?!
Igualitariamente distribuídas
Entre cada um dos frutos
Bendito D.N.A.
CONDENAÇÃO
Sei que pensas muito em mim
Não sei o que pensas,
Ou como pensas...
Se sentes ódio ou pena
Sei que fazes o teu julgamento.
Não sei se me absorves
Se me absolves
Ou se me condenas
Se me absolves, absorves a essência
Se me condenas, não sei qual a sentença
Nem a dimensão da minha condenação.
Seja qual for a pena
Quero cumpri-la em clausura
Perpétua selada e segura
Na cela exclusiva: teu coração
Que ao pagar pelo meu crime
Eu seja eternamente aprisionada
Ao teu amor sublime
Que ao morrer
Eu obtenha a absolvição
Do meu crime e pecado
Que o meu epitáfio seja apenas:
“Teu crime virou poema”
Não sei o que pensas,
Ou como pensas...
Se sentes ódio ou pena
Sei que fazes o teu julgamento.
Não sei se me absorves
Se me absolves
Ou se me condenas
Se me absolves, absorves a essência
Se me condenas, não sei qual a sentença
Nem a dimensão da minha condenação.
Seja qual for a pena
Quero cumpri-la em clausura
Perpétua selada e segura
Na cela exclusiva: teu coração
Que ao pagar pelo meu crime
Eu seja eternamente aprisionada
Ao teu amor sublime
Que ao morrer
Eu obtenha a absolvição
Do meu crime e pecado
Que o meu epitáfio seja apenas:
“Teu crime virou poema”
PICOS
Elevaram-te aos Picos
Humildemente te ofertei o vale
Cidadezinha menina-mulher
Cortina de luzes prostrada aos teus pés.
As ruas tímidas escondem segredos,
Mistérios, sonhos, encantos.
Deslumbrada eu tecia ilusão
Enquanto a noite tecia o seu manto
Ilusões de que a ti bastaria
A beleza inaudível do tímido canto
Deste vale de ternura e amores tantos
Que desaguaria em teu árido coração
Uma chuva torrencial de emoção
Eis que vislumbravas o mais alto
Sequer um olhar lançaste para baixo
Tuas retinas fissuravam a lua
Hipnotizado levitavas no plenilúnio triste
Enquanto a lua contemplava-me a orvalhar os campos
E quando o sol beijou a manhã
O vale inundou-se com o meu pranto.
“PORTA ENTREABERTA”
A PORTA DA CASA OU DA VIDA?
Os relacionamentos modernos e suas conseqüências nem sempre maravilhosas...
A modernidade dos relacionamentos quebrou os grilhões matrimoniais infelizes, ao tempo em que propiciou uma liberdade aprisionada. “Ninguém é de ninguém”, porém, a espera e o desespero são de alguém. Enquanto um desfruta da total liberdade, outro se encarcera em um sentimento não correspondido.
Vivenciamos a era dos desejos desencontrados, para a qual parece ter sido feita a “quadrilha” de Drummond, a dissonância está apenas na modalidade de relacionamento. Já não se conjuga mais o verbo amar e sim o “ficar”. O pior é quando um dos “ficantes” tende a não passar e estaciona numa ilusão de conjugar o antigo verbo com um alguém que por sua vez o desconhece.
Vejamos um exemplo desse sentimento equivocado:
Ele atende o celular no meio da noite em algum lugar. “Posso fechar a porta?!” ela pergunta. “Estou muito ocupado, não sei que hora...” Ela interrompe “Só responda a pergunta!” ele do outro lado procura as palavras: “Pois é, eu não...” Ela outra vez interrompe: “Posso fechar a porta?” e por fim ele responde: “Pode!” Ela sequer explicou a que porta estava se referindo: se a da casa ou da vida e desligou...
Cansada de esperar inutilmente cantarolou Maria Bethânia: “Veja bem nosso caso é uma porta entreaberta, eu busquei a palavra mais certa...” Disse “não” ao seu lado carente e se foi... Com sua mala de sonhos inteiramente vazia e a certeza de que jamais abriria aquela porta. Sentia-se doente em conseqüência daquele amor “demente”, feito de sonos perdidos e sonhos roubados ... “Até quando?”
Um dia ele lembrou que, mesmo contra sua vontade, alguém estava a lhe esperar. Fez o percurso habitual e encontrou como sempre a porta entreaberta. Para sua surpresa ela não estava lá... Melhor para ele, visto que havia outras tantas portas abertas a lhe esperar.
E ela onde estaria ? Decerto numa clinica de recuperação.
Clinica de recuperação!?
Como os demais tipos de alucinógenos essa modalidade de relacionamento costuma causar dependência, por mais absurdo que possa parecer, a (o) dependente apesar de lutar bravamente, não consegue se reerguer, não antes de ir ao “fundo do poço” e amargar todas as formas de degradação moral.
A recuperação é um processo longo e doloroso. A primeira etapa consiste na tomada de consciência da perda total do amor próprio e da constatação do nível zero da auto-estima. A segunda fase – restauração desses sentimentos vitais - envolve a audição de músicas e leituras de textos de auto-ajuda e por fim a aceitação de “muletas”, dentre várias, destaca-se: mudança de visual, viagens, novas amizades... Enfim, algo que assegure a reinserção no convívio social.
Encerrado o processo de reabilitação, inicia-se o de readaptação, a difícil convivência com as seqüelas entre elas: misantropia, misofobia, misogamia, narcisismo, perfeccionismo, e síndrome de abandono. O que torna difícil, se não impossível, a reintegração à sociedade. Em último caso e também para prevenir a reincidência se faz necessário uma mudança de ambiente. Ah! Esses relacionamentos modernos e suas conseqüências quase sempre desastrosas...
Haja Freud para explicar e Graça Moura para entender!!!
Os relacionamentos modernos e suas conseqüências nem sempre maravilhosas...
A modernidade dos relacionamentos quebrou os grilhões matrimoniais infelizes, ao tempo em que propiciou uma liberdade aprisionada. “Ninguém é de ninguém”, porém, a espera e o desespero são de alguém. Enquanto um desfruta da total liberdade, outro se encarcera em um sentimento não correspondido.
Vivenciamos a era dos desejos desencontrados, para a qual parece ter sido feita a “quadrilha” de Drummond, a dissonância está apenas na modalidade de relacionamento. Já não se conjuga mais o verbo amar e sim o “ficar”. O pior é quando um dos “ficantes” tende a não passar e estaciona numa ilusão de conjugar o antigo verbo com um alguém que por sua vez o desconhece.
Vejamos um exemplo desse sentimento equivocado:
Ele atende o celular no meio da noite em algum lugar. “Posso fechar a porta?!” ela pergunta. “Estou muito ocupado, não sei que hora...” Ela interrompe “Só responda a pergunta!” ele do outro lado procura as palavras: “Pois é, eu não...” Ela outra vez interrompe: “Posso fechar a porta?” e por fim ele responde: “Pode!” Ela sequer explicou a que porta estava se referindo: se a da casa ou da vida e desligou...
Cansada de esperar inutilmente cantarolou Maria Bethânia: “Veja bem nosso caso é uma porta entreaberta, eu busquei a palavra mais certa...” Disse “não” ao seu lado carente e se foi... Com sua mala de sonhos inteiramente vazia e a certeza de que jamais abriria aquela porta. Sentia-se doente em conseqüência daquele amor “demente”, feito de sonos perdidos e sonhos roubados ... “Até quando?”
Um dia ele lembrou que, mesmo contra sua vontade, alguém estava a lhe esperar. Fez o percurso habitual e encontrou como sempre a porta entreaberta. Para sua surpresa ela não estava lá... Melhor para ele, visto que havia outras tantas portas abertas a lhe esperar.
E ela onde estaria ? Decerto numa clinica de recuperação.
Clinica de recuperação!?
Como os demais tipos de alucinógenos essa modalidade de relacionamento costuma causar dependência, por mais absurdo que possa parecer, a (o) dependente apesar de lutar bravamente, não consegue se reerguer, não antes de ir ao “fundo do poço” e amargar todas as formas de degradação moral.
A recuperação é um processo longo e doloroso. A primeira etapa consiste na tomada de consciência da perda total do amor próprio e da constatação do nível zero da auto-estima. A segunda fase – restauração desses sentimentos vitais - envolve a audição de músicas e leituras de textos de auto-ajuda e por fim a aceitação de “muletas”, dentre várias, destaca-se: mudança de visual, viagens, novas amizades... Enfim, algo que assegure a reinserção no convívio social.
Encerrado o processo de reabilitação, inicia-se o de readaptação, a difícil convivência com as seqüelas entre elas: misantropia, misofobia, misogamia, narcisismo, perfeccionismo, e síndrome de abandono. O que torna difícil, se não impossível, a reintegração à sociedade. Em último caso e também para prevenir a reincidência se faz necessário uma mudança de ambiente. Ah! Esses relacionamentos modernos e suas conseqüências quase sempre desastrosas...
Haja Freud para explicar e Graça Moura para entender!!!
Ana Maria Coutinho
CHEGA DESSE AMOR/HUMOR LIQUIDO A ESCORRER PELAS FACES MAPEADAS PELA DOR!
MENSALINHO? NÃO!MENSALÃO? NÃO!
Uma noite de domingo, em companhia da inseparável insônia, procurava algo para ver na televisão, além das imagens do Congresso Nacional e dos exaustivos noticiários sobre mensalão, mensalinho ou bandejão: cognomes da corrupção, deparei-me com um documentário sobre as visitas aos presídios da grande Rio....
Por falta de opção e por curiosidade, atentei para as entrevistas exibidas – que tomo a liberdade de qualificá-las como deprimentes – assim como para as imagens em foco: mulheres completamente desnudas tendo que se agachar e erguer-se por várias vezes seguidas, alimentos sendo revirados até se assemelharem a lixo, entre outros procedimentos de praxe.
Mudei de canal após ouvir a entrevista de uma senhora, que afirmava estar, naquele dia, fazendo sessenta anos. Ia visitar um filho e levava consigo uma neta – uma criança de aproximadamente dez anos. Ela foi barrada na revista, pois portava uma cédula de cinqüenta reais – e, chorando compulsivamente, enfatizava ser o pior aniversário de sua vida.
Mudar de canal não foi suficiente, a imagem daquela senhora continuou a povoar a minha mente.
Teria ela consciência do que aquele dinheiro poderia comprar lá dentro? Ou apenas o coração materno vislumbrava um pouco mais de conforto e bem-estar para o seu filho? Seria ele inocente como a mãe afirmava? Ou os olhos de mãe embaçavam a visão de um culpado? Teria ele uma culpa equivalente àqueles que estão sendo investigados pela C.P.Is? Perguntas que jamais terão respostas...
Aquela situação humilhante se repete a cada dia de visita aos presídios, e nela estão envolvidas milhares de pessoas inocentes: mães, esposas, filhos, irmãos, familiares e amigos. Isso é realmente triste, porém o de mais triste e deprimente nisso tudo é pensar que poucos são os inocentes que povoam o interior de um presídio, e muitos são os inocentes que foram por eles tiranizados, às vezes até fatalmente. Mas tristeza imensurável e irremediável é saber que muitos deles, apesar de cometerem atrocidades piores, são escolhidos para representar o povo.
O que representam cinqüenta reais daquela senhora comparados ao volume exorbitante de dinheiro retirado dos cofres públicos que descansam em paraísos fiscais?
Seria a criminalidade e a corrupção um vírus?
E se assim o fosse, poderia a ciência inventar uma vacina?
O BRASIL PEDE SOCORRO!!!
Chega de mães sendo humilhantemente revistadas em visitas aos presídios! Chega de lágrimas maternais derramadas torrencialmente! CHEGA DESSE AMOR/HUMOR LIQUIDO A ESCORRER PELAS FACES MAPEADAS PELA DOR!
Sobretudo, chega de lágrimas de revolta e decepção por tantos votos perdidos ou, pior, utilizados como arma de destruição em massa contra o povo brasileiro!
O que poderia a ciência fazer para transfigurar este cenário enquanto a vacina antidesvio de caráter não é inventada? Poderia a engenharia genética identificar o gene da corrupção e, apesar de não poder fazer nada pela geração atual, imunizar as futuras desse mal que assola a humanidade?
“Meus heróis morreram de overdose, os meus inimigos estão no poder. Ideologia eu quero uma pra viver...” Cantou Cazuza.
Os meus estão paulatinamente se contagiando pela síndrome do “ter e poder”
Resta-me torcer para que os poucos que sobraram não sejam infectados pela virose da corrupção que se alastra no poder e permeia a concepção de “política” vigente no país verde e amarelo.
“IDEOLOGIA?!!!” “EU TAMBÉM QUERO UMA PRA VIVER!”
Ah! Já encontrei: “A ALMA DO POVO ESTÁ FERIDA” Chico Buarque de Holanda.
Uma noite de domingo, em companhia da inseparável insônia, procurava algo para ver na televisão, além das imagens do Congresso Nacional e dos exaustivos noticiários sobre mensalão, mensalinho ou bandejão: cognomes da corrupção, deparei-me com um documentário sobre as visitas aos presídios da grande Rio....
Por falta de opção e por curiosidade, atentei para as entrevistas exibidas – que tomo a liberdade de qualificá-las como deprimentes – assim como para as imagens em foco: mulheres completamente desnudas tendo que se agachar e erguer-se por várias vezes seguidas, alimentos sendo revirados até se assemelharem a lixo, entre outros procedimentos de praxe.
Mudei de canal após ouvir a entrevista de uma senhora, que afirmava estar, naquele dia, fazendo sessenta anos. Ia visitar um filho e levava consigo uma neta – uma criança de aproximadamente dez anos. Ela foi barrada na revista, pois portava uma cédula de cinqüenta reais – e, chorando compulsivamente, enfatizava ser o pior aniversário de sua vida.
Mudar de canal não foi suficiente, a imagem daquela senhora continuou a povoar a minha mente.
Teria ela consciência do que aquele dinheiro poderia comprar lá dentro? Ou apenas o coração materno vislumbrava um pouco mais de conforto e bem-estar para o seu filho? Seria ele inocente como a mãe afirmava? Ou os olhos de mãe embaçavam a visão de um culpado? Teria ele uma culpa equivalente àqueles que estão sendo investigados pela C.P.Is? Perguntas que jamais terão respostas...
Aquela situação humilhante se repete a cada dia de visita aos presídios, e nela estão envolvidas milhares de pessoas inocentes: mães, esposas, filhos, irmãos, familiares e amigos. Isso é realmente triste, porém o de mais triste e deprimente nisso tudo é pensar que poucos são os inocentes que povoam o interior de um presídio, e muitos são os inocentes que foram por eles tiranizados, às vezes até fatalmente. Mas tristeza imensurável e irremediável é saber que muitos deles, apesar de cometerem atrocidades piores, são escolhidos para representar o povo.
O que representam cinqüenta reais daquela senhora comparados ao volume exorbitante de dinheiro retirado dos cofres públicos que descansam em paraísos fiscais?
Seria a criminalidade e a corrupção um vírus?
E se assim o fosse, poderia a ciência inventar uma vacina?
O BRASIL PEDE SOCORRO!!!
Chega de mães sendo humilhantemente revistadas em visitas aos presídios! Chega de lágrimas maternais derramadas torrencialmente! CHEGA DESSE AMOR/HUMOR LIQUIDO A ESCORRER PELAS FACES MAPEADAS PELA DOR!
Sobretudo, chega de lágrimas de revolta e decepção por tantos votos perdidos ou, pior, utilizados como arma de destruição em massa contra o povo brasileiro!
O que poderia a ciência fazer para transfigurar este cenário enquanto a vacina antidesvio de caráter não é inventada? Poderia a engenharia genética identificar o gene da corrupção e, apesar de não poder fazer nada pela geração atual, imunizar as futuras desse mal que assola a humanidade?
“Meus heróis morreram de overdose, os meus inimigos estão no poder. Ideologia eu quero uma pra viver...” Cantou Cazuza.
Os meus estão paulatinamente se contagiando pela síndrome do “ter e poder”
Resta-me torcer para que os poucos que sobraram não sejam infectados pela virose da corrupção que se alastra no poder e permeia a concepção de “política” vigente no país verde e amarelo.
“IDEOLOGIA?!!!” “EU TAMBÉM QUERO UMA PRA VIVER!”
Ah! Já encontrei: “A ALMA DO POVO ESTÁ FERIDA” Chico Buarque de Holanda.
NO VALE DE MEL OS ABUTRES REINAM ABSOLUTOS
“Apagaram tudo, pintaram tudo de cinza, só ficou no muro tristeza e tinta fresca.” [1]
No céu e solo picoense os urubus tingem de cinza nuvens e muros.
Nada de néctar, apesar das flores... As abelhas precisam migrar para os municípios vizinhos, a fim de perpetuar o título que levou a nossa querida Picos além fronteiras. Aqui “banquete mesmo só para os abutres”, que continuam saneando basicamente toda a cidade, completamente à vontade no seu habitat. Os demais habitantes, têm mesmo é que respeitá-los.
Em geral as pessoas nutrem por esse animal um sentimento de repulsa, porém ninguém parou para pensar no que eles sentem em relação a essa espécie que se julga superior.
“Os incomodados que se retirem!” – não seria essa a resposta que dariam cada vez que alguém tentasse expulsá-los do seu ambiente natural?
Este vale de ternura e amores tantos, celeiro de grandes literatos e múltiplos talentos artísticos, está um tanto caótico...
“O mundo é uma escola, a vida é um circo” ¹
Não sei se por ingenuidade ou por consonância ideológica, alguns picoenses, ou não, a exemplo de brasileiros do século XIX, continuam inspirados no positivismo de August Comte... “progresso” ou regressão?
“...Por isso eu pergunto a você no mundo, se é mais inteligente o livro ou a sabedoria?” ¹
E os poetas? Migraram tal qual as abelhas ?!!
Estão mudos?! August Comte não os inspira?! Terá sido porque ele inspirou Mussolini?!
“Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade, merecemos ler as letras e as palavras de gentilezas...” ¹
As abelhas devem permanecer nos campos aproveitando as melhores floradas para produção do melhor mel. E os poetas, também? Ambos têm picadas doloridas, se não venenosas... Mas... Quem adoçará os becos sem saída da capital do mel? Quem chorará “o vale de lágrimas” neste vale de ternura e amores tantos?
Que retornem os poetas: “o mais picoense de todos”, “o poeta do rio”, “o artesão das palavras” e tantos quantos as flores e/ou as dores quiserem cantar. Quem sabe, todos juntos comporão um dia uma epopéia ao vôo rasante do pássaro ambientalista. Ressuscitem os recitais!!!
Simultaneamente os artistas plásticos poderiam decorar nossos muros com “letras e palavras de gentilezas”.¹
Que eleve a voz, “o cantor das mudanças” e entoe um acalanto aos corações angustiados, ou uma canção inquietante que incite mil e tantas reflexões, despertando até os alienados.
Que venha a anistia aos exilados e prisioneiros, e que a liberdade possa colorir de azul, tal qual o céu de Fernão Capelo Gaivota, o cinza do céu picoense que perdura há tanto tempo.
Que venha um profeta (Gentileza alcançou por fim a sua liberdade) para afirmar novamente *“Amor palavra que liberta” ¹
Picoense, ame a sua cidade mais e mais!!!
PICOS: “AME-A OU DEIXE-A”?! JAMAIS !!!
_____________
[1] MONTE, Marisa. Gentileza. In.Coletânea MPB. 1998
No céu e solo picoense os urubus tingem de cinza nuvens e muros.
Nada de néctar, apesar das flores... As abelhas precisam migrar para os municípios vizinhos, a fim de perpetuar o título que levou a nossa querida Picos além fronteiras. Aqui “banquete mesmo só para os abutres”, que continuam saneando basicamente toda a cidade, completamente à vontade no seu habitat. Os demais habitantes, têm mesmo é que respeitá-los.
Em geral as pessoas nutrem por esse animal um sentimento de repulsa, porém ninguém parou para pensar no que eles sentem em relação a essa espécie que se julga superior.
“Os incomodados que se retirem!” – não seria essa a resposta que dariam cada vez que alguém tentasse expulsá-los do seu ambiente natural?
Este vale de ternura e amores tantos, celeiro de grandes literatos e múltiplos talentos artísticos, está um tanto caótico...
“O mundo é uma escola, a vida é um circo” ¹
Não sei se por ingenuidade ou por consonância ideológica, alguns picoenses, ou não, a exemplo de brasileiros do século XIX, continuam inspirados no positivismo de August Comte... “progresso” ou regressão?
“...Por isso eu pergunto a você no mundo, se é mais inteligente o livro ou a sabedoria?” ¹
E os poetas? Migraram tal qual as abelhas ?!!
Estão mudos?! August Comte não os inspira?! Terá sido porque ele inspirou Mussolini?!
“Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade, merecemos ler as letras e as palavras de gentilezas...” ¹
As abelhas devem permanecer nos campos aproveitando as melhores floradas para produção do melhor mel. E os poetas, também? Ambos têm picadas doloridas, se não venenosas... Mas... Quem adoçará os becos sem saída da capital do mel? Quem chorará “o vale de lágrimas” neste vale de ternura e amores tantos?
Que retornem os poetas: “o mais picoense de todos”, “o poeta do rio”, “o artesão das palavras” e tantos quantos as flores e/ou as dores quiserem cantar. Quem sabe, todos juntos comporão um dia uma epopéia ao vôo rasante do pássaro ambientalista. Ressuscitem os recitais!!!
Simultaneamente os artistas plásticos poderiam decorar nossos muros com “letras e palavras de gentilezas”.¹
Que eleve a voz, “o cantor das mudanças” e entoe um acalanto aos corações angustiados, ou uma canção inquietante que incite mil e tantas reflexões, despertando até os alienados.
Que venha a anistia aos exilados e prisioneiros, e que a liberdade possa colorir de azul, tal qual o céu de Fernão Capelo Gaivota, o cinza do céu picoense que perdura há tanto tempo.
Que venha um profeta (Gentileza alcançou por fim a sua liberdade) para afirmar novamente *“Amor palavra que liberta” ¹
Picoense, ame a sua cidade mais e mais!!!
PICOS: “AME-A OU DEIXE-A”?! JAMAIS !!!
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POETA QUE VAI... POESIA QUE VEM!
Picos, celeiro de literatos, segue ano após ano exportando talentos... Talvez por não abrigar em tão pouco espaço tanta poesia, ou por não dar o devido abrigo a quem a cria.
É cada vez mais freqüente a migração de picoenses inspirados e apaixonados por outros estados à procura de espaço – espaço para estudar, trabalhar, realizar-se, viver... Muitos são os companheiros de versos que nós upeanos deixamos ir. Ocupando os seus lugares restaram os versos mudos, que de quando em vez, emprestamos nossas vozes para torná-los presentes.
E como sugere Oswaldo Montenegro: “Faça uma lista dos grandes amigos/ Que você mais via há dez anos atrás. / Quantos você ainda vê todo dia/ Quantos você já não encontra mais...” Fazemos a nossa lista de alguns anos atrás: Marta Moraes, Edivan Araújo, Deisy Fernanda, Marconi Barros, Firmino Libório, Andrews Marcelino, Ronaldo Gomes, Tarciso Coelho...
Marconi Barros é um poeta picoense nato, atualmente bacharel em Direito e funcionário do Banco do Brasil de Araguaína-TO. Quando aqui residia, era mais um autor de inspirados versos mudos, versos que teimavam em sair da gaveta, mas que a falta de apoio e incentivo à cultura literária (por parte do poder público local) tratava de engavetá-los em seguida.
Agora os versos do poeta migram via correio eletrônico até nós, como brisa leve com cheiro de “gardênia”. Ecoam suavemente no Vale de Mel, tal qual uma cantiga de amor/desamor, fertilizando o seu berço numa manhã de “inverno”. Chuva fina de melancolia, fazendo ressurgir no asfalto o pequeno jardim “Do Cantinho” e espalha no ar o perfume da saudade.
No poema: “Coloniais”, o poeta derrama em versos seu olhar às mazelas resultantes do processo invasivo da nossa colonização. Nos poemas: “Num Dia de Muita Tristeza” e “Inverno” ele se reporta a um universo intimista que apenas aqueles que compartilham deste universo conseguem alcançar. Apreciemos:
Coloniais
Chego-lhe aos ouvidos
Última divisa
Do silêncio
Dum eco
Semeado no esquecido
Como vaga
Docemente
Quebrada no continente
Olho-me
Como a um arquipélago
Tendo virgens os pés
Posto que alado
Desde sempre
Caio-me sobre mim
No abismal mar dos degredados
Na taba nua de querubins estrelados
Nos poleiro negro gozando a noite
E gemendo a aurora
Aos teus sentidos
Chego-te
Quando dormes
Madeira,
Ouro,
Açúcar,
Café,
Mulheres...
Sangue
Suor
E Cor ...
(Marconi Barros)
Num Dia de Muita tristeza
Quem sempre se achou
Num épico vivendo
Descobriu-se reles
Personagem
Dum livro esquecido
Se não
Inescrito...
Duma rua que já não há
Um menino que não houve
Que é de meu pai?
De meus avós, digam!
Do frescor da orvalhada
Gardênia hoje em cãs?
Nos cantos
Foi onde
Em vão me pus (Rua do Cantinho, meu berço em niño)
Cirandas,
Cinderelas
Encontrar-me
Quem sabe?
Numa
Rua
Nula...
Aos trinta e três agostos
Aporto no Cais
‘Quinda vai começar...
(Marconi Barros)
INVERNO
Reclinado sobre o espelho
Olho
Não vejo:
- Quem sois, Senhor? Quem sois?
A moeda do sopro
Rugas,
O não correr
O saber-se composto em dó
Olhos em neblina
Dedos curvos
Um nome, uma imagem, um gosto, um gesto tudo lhe fugiu... tudo lhe fugiu...
Uma constelação de lembranças
Comprimem o peito
A felicidade mora no ontem...
E a tristeza reside
Na claridade com que se percebe
Que o sol
Não retornará
Ouviste?
Não voltará!
(Marconi Barros)
Parabéns poeta!
“Que venha a nós os vossos versos”
Em “livros inescritos”, escritos ou via Internet.
Poeta que vai, poesia que vem! Amém!
(P.S: Agradeço a Mercês e Nídia / Marconi, Maria José e Filhos, o gentil tratamento a mim dispensado por ocasião da minha estada em Araguaína-TO. Retornarei... E juntos pincelaremos essa tela em vidro fosco – uma palmeira sob a chuva – com as cores douradas do Vale de Mel).
É cada vez mais freqüente a migração de picoenses inspirados e apaixonados por outros estados à procura de espaço – espaço para estudar, trabalhar, realizar-se, viver... Muitos são os companheiros de versos que nós upeanos deixamos ir. Ocupando os seus lugares restaram os versos mudos, que de quando em vez, emprestamos nossas vozes para torná-los presentes.
E como sugere Oswaldo Montenegro: “Faça uma lista dos grandes amigos/ Que você mais via há dez anos atrás. / Quantos você ainda vê todo dia/ Quantos você já não encontra mais...” Fazemos a nossa lista de alguns anos atrás: Marta Moraes, Edivan Araújo, Deisy Fernanda, Marconi Barros, Firmino Libório, Andrews Marcelino, Ronaldo Gomes, Tarciso Coelho...
Marconi Barros é um poeta picoense nato, atualmente bacharel em Direito e funcionário do Banco do Brasil de Araguaína-TO. Quando aqui residia, era mais um autor de inspirados versos mudos, versos que teimavam em sair da gaveta, mas que a falta de apoio e incentivo à cultura literária (por parte do poder público local) tratava de engavetá-los em seguida.
Agora os versos do poeta migram via correio eletrônico até nós, como brisa leve com cheiro de “gardênia”. Ecoam suavemente no Vale de Mel, tal qual uma cantiga de amor/desamor, fertilizando o seu berço numa manhã de “inverno”. Chuva fina de melancolia, fazendo ressurgir no asfalto o pequeno jardim “Do Cantinho” e espalha no ar o perfume da saudade.
No poema: “Coloniais”, o poeta derrama em versos seu olhar às mazelas resultantes do processo invasivo da nossa colonização. Nos poemas: “Num Dia de Muita Tristeza” e “Inverno” ele se reporta a um universo intimista que apenas aqueles que compartilham deste universo conseguem alcançar. Apreciemos:
Coloniais
Chego-lhe aos ouvidos
Última divisa
Do silêncio
Dum eco
Semeado no esquecido
Como vaga
Docemente
Quebrada no continente
Olho-me
Como a um arquipélago
Tendo virgens os pés
Posto que alado
Desde sempre
Caio-me sobre mim
No abismal mar dos degredados
Na taba nua de querubins estrelados
Nos poleiro negro gozando a noite
E gemendo a aurora
Aos teus sentidos
Chego-te
Quando dormes
Madeira,
Ouro,
Açúcar,
Café,
Mulheres...
Sangue
Suor
E Cor ...
(Marconi Barros)
Num Dia de Muita tristeza
Quem sempre se achou
Num épico vivendo
Descobriu-se reles
Personagem
Dum livro esquecido
Se não
Inescrito...
Duma rua que já não há
Um menino que não houve
Que é de meu pai?
De meus avós, digam!
Do frescor da orvalhada
Gardênia hoje em cãs?
Nos cantos
Foi onde
Em vão me pus (Rua do Cantinho, meu berço em niño)
Cirandas,
Cinderelas
Encontrar-me
Quem sabe?
Numa
Rua
Nula...
Aos trinta e três agostos
Aporto no Cais
‘Quinda vai começar...
(Marconi Barros)
INVERNO
Reclinado sobre o espelho
Olho
Não vejo:
- Quem sois, Senhor? Quem sois?
A moeda do sopro
Rugas,
O não correr
O saber-se composto em dó
Olhos em neblina
Dedos curvos
Um nome, uma imagem, um gosto, um gesto tudo lhe fugiu... tudo lhe fugiu...
Uma constelação de lembranças
Comprimem o peito
A felicidade mora no ontem...
E a tristeza reside
Na claridade com que se percebe
Que o sol
Não retornará
Ouviste?
Não voltará!
(Marconi Barros)
Parabéns poeta!
“Que venha a nós os vossos versos”
Em “livros inescritos”, escritos ou via Internet.
Poeta que vai, poesia que vem! Amém!
(P.S: Agradeço a Mercês e Nídia / Marconi, Maria José e Filhos, o gentil tratamento a mim dispensado por ocasião da minha estada em Araguaína-TO. Retornarei... E juntos pincelaremos essa tela em vidro fosco – uma palmeira sob a chuva – com as cores douradas do Vale de Mel).
MATARAM O HOMEM. PLANTEMOS O SONHO!
Picos acordou abruptamente com a fúnebre nota de falecimento do profissional polivalente Totonho Silva. Inúmeras pessoas externaram seus sentimentos de pesar, indignação, angústia e desespero... Profissionais da comunicação se uniram e através da Cidade Modelo, informaram ao público ouvinte sobre a vida e morte do radialista fundador da emissora.
Eu acordei ao som da nota da tristeza. Ouvia tudo e todos e não acreditava... Queria despertar do pesadelo e não conseguia...
Pela primeira vez na minha vida testemunhei três mestres da oratória (meus queridos mestres) afirmarem estar literalmente sem palavras: Ozildo Batista, Chaguinha e Toni Borges. Se eles emudeceram diante da atrocidade do acontecimento... E eu?
Permaneci imóvel perto do aparelho receptor e até chorei com Fátima Miranda, porém foi Augustinho Hipólito que me trouxe de volta do final dos anos setenta, ou início dos oitenta. Quando conheci um jovem de cabeça cheia de cachos e sonhos. Um ícone da comunicação picoense despontava, eu que nem imaginava, enxergava apenas um ídolo da garotada.
Lamentei profundamente esta mania que tenho de me esconder de tudo de todos e quase sempre me calar... Apesar de sentir e saber da relevância dos múltiplos serviços prestados por “aquele” menino à comunidade picoense, não o disse pessoalmente. Agora repito a lista de outrem a mim mesma.
Algumas pessoas disseram: ”calaram a tua voz...” Eu porém digo: mataram o homem, a voz não se calará. Não, enquanto a família Cidade Modelo tocar adiante o projeto dele, fiéis aos seus ideais no exercício de comunicar.
Mataram o homem!? Plantemos o sonho!!!
Totonho Silva foi simultaneamente jornalista, radialista, empresário enfim um empreendedor, mais que tudo isso foi um lavrador de sonhos. À sua família (unida pela consangüinidade ou por afinidade), compete agora continuar não apenas a colheita, mas, sobretudo, (a exemplo dele) o cultivo cuidadoso da sua sementeira de sonhos.
Não enterrem o semeador e sim a sua semente, para que seres humanos com toda sua coragem, determinação e simplicidade possam florescer.
* Ana Maria Coutinho Feitosa – pedagoga e membro da União Picoense de Escritores
Eu acordei ao som da nota da tristeza. Ouvia tudo e todos e não acreditava... Queria despertar do pesadelo e não conseguia...
Pela primeira vez na minha vida testemunhei três mestres da oratória (meus queridos mestres) afirmarem estar literalmente sem palavras: Ozildo Batista, Chaguinha e Toni Borges. Se eles emudeceram diante da atrocidade do acontecimento... E eu?
Permaneci imóvel perto do aparelho receptor e até chorei com Fátima Miranda, porém foi Augustinho Hipólito que me trouxe de volta do final dos anos setenta, ou início dos oitenta. Quando conheci um jovem de cabeça cheia de cachos e sonhos. Um ícone da comunicação picoense despontava, eu que nem imaginava, enxergava apenas um ídolo da garotada.
Lamentei profundamente esta mania que tenho de me esconder de tudo de todos e quase sempre me calar... Apesar de sentir e saber da relevância dos múltiplos serviços prestados por “aquele” menino à comunidade picoense, não o disse pessoalmente. Agora repito a lista de outrem a mim mesma.
Algumas pessoas disseram: ”calaram a tua voz...” Eu porém digo: mataram o homem, a voz não se calará. Não, enquanto a família Cidade Modelo tocar adiante o projeto dele, fiéis aos seus ideais no exercício de comunicar.
Mataram o homem!? Plantemos o sonho!!!
Totonho Silva foi simultaneamente jornalista, radialista, empresário enfim um empreendedor, mais que tudo isso foi um lavrador de sonhos. À sua família (unida pela consangüinidade ou por afinidade), compete agora continuar não apenas a colheita, mas, sobretudo, (a exemplo dele) o cultivo cuidadoso da sua sementeira de sonhos.
Não enterrem o semeador e sim a sua semente, para que seres humanos com toda sua coragem, determinação e simplicidade possam florescer.
* Ana Maria Coutinho Feitosa – pedagoga e membro da União Picoense de Escritores
PAPAI SETENTOU
19.05.2007
Papai nunca foi muito afeito ao hábito de festejar seu próprio aniversário. Porém este ano ele surpreendeu a todos, quando atendendo à solicitação de Tio Patrício, minhas irmãs sugeriram a substituição do tradicional e discreto almoço em casa em companhia das filhas, filho, netos e genros por uma reunião um pouco mais abrangente: um churrasco no “refúgio da família” em Geminiano-PI.
Papai nunca foi muito afeito ao hábito de festejar seu próprio aniversário. Porém este ano ele surpreendeu a todos, quando atendendo à solicitação de Tio Patrício, minhas irmãs sugeriram a substituição do tradicional e discreto almoço em casa em companhia das filhas, filho, netos e genros por uma reunião um pouco mais abrangente: um churrasco no “refúgio da família” em Geminiano-PI.
Eis que chega o tão esperado dia: 19 de maio.
Papai, que comumente acorda por volta das nove da manhã, acordou mais cedo com um brilho radiante no olhar. Um olho no portão, outro no relógio de parede. Mais parecia um menino de sete anos a esperar a festa e os presentes.
Entretanto os presentes que papai esperava ansiosamente, certamente não era nada material, ele nunca foi materialista. Os presentes do Papai têm um valor imensurável e nem todo dinheiro do mundo poderia comprá-los.
Por volta das quatorze horas o portão se abre, e os presentes multiplicados – acerca de oitenta – entram.
Feliz da vida, papai “setentou”, exatamente no momento em que, em uníssono, seus oito irmãos, cunhados, sobrinhos, sobrinhos, netos... cantaram “Parabéns pra você”. Ah! Isso sim é festa, esses sim são autênticos e valiosos presentes.
Papai agora é um SE – TEN – TÃO, ele que em essência é um SEr que jamais supervalorizou o Ter, sempre foi TÃO afável, compreensível, trabalhador, honesto, íntegro, e, sobretudo, um pai devotado e um marido leal e responsável. Ah! Se tiver que enumerar todas as qualidades do papai, teria que inventar mais adjetivos, pois os que existem são insuficientes.
O que mais poderia ser dito ? .
“Parabéns para você papai!”
”Êpa!” “Peraí”... Pra você?.
Parabéns para mamãe que te escolheu e para nós: teus “dez filhinhos, muito pouco quase nada” (como costumas cantar, plagiando Luís Gonzaga, desde que éramos pequenos): Soly, Dora, Joana, Biína, Mazé, Mercês, Conceição, Esmério e Remédios. (Ih! Só tem nove? Falta um... Quem? EU!!!). Afinal de contas quem tem um pai sem igual como o nosso merece ser parabenizado. Viva muito, o bastante para “oitentar”, “noventar”, “centenar”... Depois a gente inventa mais adjetivos para te caracterizar e mais verbos (festivos) para conjugar.
P.S Este texto foi publicado pelo portal fcs em 29.05.2007 confira:
PICOS: VALE DE MEL
Impossível refletir sobre Picos, sem imergir numa espécie de saudosismo melancólico e confrontar o “Vale do Guaribas” com a “Capital do Mel”, passando pela “Cidade Modelo” e a “Capital Centro-Sul do Piauí”.
O Vale do Guaribas se sustentava na cultura da cebola e do alho, que vestia de verde suas ramagens, como a retratar a esperançados picoenses em dias melhores.
A Cidade Modelo, na sua exuberância de concreto, pretendia tornar-se o paradigma do progresso regional. A Capital Centro-Sul assim se fez pelo desenvolvimento comercial acelerado, impulsionado pelo caráter metropolitano em relação a macro-região.
Eis que na virada do século, surge a “Capital do Mel”, exportando ouro líquido, cuja produção as sábias abelhas devem a um determinado tipo de vegetação nativa. Bendito mel! Além de energizar a economia local leva a sua capital além-fronteiras e torna-se responsável pela inserção da mesma no mercado internacional.
O Vale evolui para Vila, a Vila para Cidade Modelo, que passando pela Capital Centro-Sul, atinge o topo “Capital do Mel”.
Enquanto isso, nos bastidores da cultura...
A vida-vila vale a pena!!!...
Os ícones lutam com suas armas.
“O garimpeiro” morre e deixa viva as “memórias”.
A menina dos “Momentos” vira a mulher da política e corrige a falha da bandeira. Abandona a política e empresta sua voz ao “Hino” e ao rádio, em busca de causas mais nobres.
Dentre os poetas, há o compositor do hino que oficializa o pseudônimo “Cidade Modelo”, convida-a a “seguir em frente”, exalta “os montes colinas e serras e a memória dos seus ancestrais”.
Outro, historiador, registra a história da “Picos progressista” e canta as biografias dos filhos ilustres nas rimas do cordel.
O poeta do “rio” corta a vida com “Cacos de Vidro”, “vela vitrais na vida”, vislumbra o renascimento do Guaribas e, com um beijo, saúda o seu caudal, “ressuscita o morto”, foge dos cacos do rio e vira “Caçador de passarinhos”.
O menino que pensava a “Verdade dos Sentimentos” misturou “Fantasias e Verdades” e “Repensando” se fez de “De Corpo e Alma”.
O poeta ébrio, pelo “Manifesto do Alho”, materializou seu sonho na gênese da U.P.E. – União Picoense de Escritores – (Celeiro de literatos, que congrega, entre muitos outros, uma arquiteta de versos das Alagoas e um artesão das palavras de Loreto-MA.)
O advogado declara: “Segui trabalhando de dia e estudando de noite vida a fora”, “Das Pedras aos Picos”, “Etc & Tal”.
Um jornalista teimoso reedifica-se, noticia e advoga a causa da cultura regional. E um Barão pinta a cara para colorir o mundo, enquanto nas “Fontes” a artista plástica pinta o “SET” do filme da vida.
O cantor das “Mudanças” conta dinheiro, estuda “Direito” e, errante, acerta em cheio ao dividir o palco do “Show de Domingo” com talentos locais.
As fugitivas da tribo de Icós e do clã dos Mendes encontram no verso o porto seguro para as divagações, enquanto uma poetisa bebê faz, desfaz e refaz “Os Rabiscos de Pensamentos”.
“Tudo isso acontecendo” e o Vale do Guaribas trocando o cenário, substituindo os canteiros de cebola e alho pelos canteiros de obras, que, insatisfeitos com as margens, teimam em invadir seu leito, misturando-se aos esgotos “fraturas expostas” banquete de abutres.
Como bem disse o poeta do rio, “O homem mija na solidão das tuas costas”, porém um garoto de dez anos sonha em ser cientista para fazê-lo renascer.
sábado, 28 de novembro de 2009
"AFETOS INTEGRAIS E REFINADOS"
O alarme dispara, são cinco horas e trinta minutos da manhã, hora de acordar para um dia intenso. Em questão de segundos ponho-me de pé. Tenho muito que viver e fazer hoje. Apresso-me na higiene matinal, coleto todo o material separado na noite anterior, acordo o meu filho para pegar o carro e minutos depois fazemos o primeiro percurso até a casa do Lairson.
Na volta pegamos Leda II (cursista) e saímos em direção à casa da Lêda I (tutora). Terminada a excursão pela zona leste rumamos em direção oposta, para ponto de encontro da turma de Paquetá, pois, o cursista Francildo conduzirá nosso carro até Ipiranga.
O pessoal de Paquetá chega e Francildo assume a direção, meu filho tem trabalho hoje e não pode nos acompanhar. Iniciamos a nossa viagem tranquilamente rumo ao Ipiranga. No caminho conversávamos sobre a programação do dia e lamentávamos ter chegado ao final de um convívio tão bom. Lêda lembrou que Lairson tinha feito uma palestra no primeiro encontro da primeira formação (em Valença) e agora faria uma palestra no último encontro desta segunda. “Abrindo e fechando com chave de ouro!” Concluiu Lêda I.
Chegamos ao nosso destino e a turma de Ipiranga já estava a postos, logo depois chegaram as cursistas de São João, esperamos um pouquinho pelo pessoal de Paquetá e tão logo adentraram o recinto começamos os trabalhos do dia.
Propus uma dinâmica com balões para quebrar o gelo, na sequência apresentei o psicopedagogo Lairson e anunciei a palestra que faria: “Afetos integrais e refinados o que é o afeto dentro de nós?”.
Nesta imersão em afetos refinados ou não, integrais ou integrados permanecemos todos apreciando as palavras do psicopedagogo, perguntando, questionado e descobrindo o que realmente nos afeta e como somos afetados.
Ao término da esplêndida participação do Lairson fizemos a pausa para o lanche, em seguida retornei com um debate sobre inclusão digital e algumas dicas acerca da importância de utilizarmos a nosso favor a nova tecnologia informacional e lutarmos pela inserção dos nossos educandos no universo digital.
Discorrendo sobre inclusão digital aliada a educação como estratégia de igualdade social, voltei no tempo: início dos anos oitenta quando percorria as comunidades da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios de Picos sob a tutela do então pároco Alfredo Schaffler[1] em encontros comunitários proferindo palestra sobre a exclusão e equidade social. Vislumbrávamos uma minimização do quadro de miséria de algumas comunidades através da união dos membros dessas e de mutirões em empreendimentos comunitários. Um discurso “utópico”? Sim, mas na dimensão do realizável. Colhemos bons frutos dos cursos e palestras que promovíamos.
Apesar de empolgada com o assunto, não fiz nenhuma referência ao passado, apenas apreciei a participação dos cursistas, entretanto, estava ansiosa pelo momento especial deste dia: a socialização dos projetos realizados pelos professores.
Paquetá foi a primeira equipe a socializar seu projeto, uma iniciativa da cursista Francileide (Leda II) que escolheu como tema o da própria formação “A terra em que vivemos: Paquetá do Piauí”. O projeto subsidiou a II noite cultural do município realizada na localidade Pai Amaro.
Para esta apresentação fizeram um repeteco das exibições da noite cultural da quinta feira passada. Montaram o painel “meio ambiente” e pontos turísticos (paisagens naturais e figuras rupestres), a Leda (cursista) expôs o projeto e por fim o professor Francildo fez funcionar sua engenhoca (uma hidroelétrica em miniatura). Eu sabia que a maquete da usina hidroelétrica ia encantar a todos e encantou.
A dinâmica da apresentação foi interrompida, muitos cursistas levantaram-se de seus lugares para ver a maquete acender. A expectativa era grande. Demorou... Mas acendeu. No vídeo pode ser comprovado.
Depois do show desta turma, os professores ficaram tímidos e nem queriam mais apresentar seus trabalhos. Com incentivo de todos os presentes, as professoras de Ipiranga e São João resolveram socializar rapidamente suas experiências. A expectativa pela revelação do amigo oculto era grande. Por fim chegou o momento, gastamos cerca de quarenta minutos na troca de afeto e presentes.
O tempo correu e ninguém se deu conta, passava das treze horas quando fizemos uma pausa para a solenidade de encerramento preparada pelo pessoal de Ipiranga.
Passei então o “bastão” para Francisca Moura que conduziu o ato solene partindo da composição da “mesa de honra” (prefeita e secretária de educação de Ipiranga, secretário de educação de Paquetá, Lairson, a cursista Socorro representando a turma e um diretor de escola).
O hino da cidade foi entoado pelos ipirangueses, em seguida o balé fez duas lindíssimas apresentações e na sequência o pronunciamento dos componentes da mesa. Eu fui a primeira a ser chamada para falar, abreviei ao máximo minhas palavras e todos fizeram o mesmo. Nos pronunciamentos as autoridades exaltaram o nosso trabalho e relevaram a importância da formação continuada. Lairson (que achava já ter dito tudo, foi convocado por todos a deixar suas palavras finais) enfatizou a questão do afeto na ação do educar.
Às quatorze horas a solenidade foi encerrada e todos convidados a degustar as delícias do almoço preparado pelo pessoal da secretaria de educação de Ipiranga e servido ali mesmo.
Retomamos os trabalhos (noventa minutos depois) com o atendimento a cada cursistas(recebimento de projetos, cd, relatórios de atividades etc.) Em seguida propusemos a avaliação do curso e o último registro. Em virtude da resistência da maioria dos professores em fazer o ultimo registro sugeri uma dinâmica “a carta de despedida”.
O dia chega ao fim, o curso, a convivência, porém, as múltiplas vivências permanecerão nas lembranças e nas ações de muitos professores.
Eu havia preparado uma trilha sonora para este momento, mas, Lairson se adiantou e exibiu um belo musical em slide me animei, cantei a turma acompanhou cantamos juntos...
“Eu não sei pra onde vou [...] Onde o vento me levar vou abrir meu coração... “Nada do que foi será de novo/ do jeito que já foi um dia...” “Já está chegando a hora de ir, venho aqui me despedir e dizer/ em qualquer lugar por onde eu andar/ vou lembrar de você [...]
Outra vez os sentimentos fluem na forma de antítese, por um lado a felicidade decorrente do alcance dos objetivos, a serenidade que advêm da confiança do cumprimento do dever. Por outro lado, a saudade antecipada na projeção dos sábados que virão.
Foram tantos abraços troca de palavras afetuosas, um festival de emoção e algumas lágrimas. Mas, antes que a noite estendesse seu véu sobre a paisagem, nos despedimos de Francisca e tratamos de retornar a Picos.
[1] Atualmente bispo diocesano de Parnaíba-PI
Na volta pegamos Leda II (cursista) e saímos em direção à casa da Lêda I (tutora). Terminada a excursão pela zona leste rumamos em direção oposta, para ponto de encontro da turma de Paquetá, pois, o cursista Francildo conduzirá nosso carro até Ipiranga.
O pessoal de Paquetá chega e Francildo assume a direção, meu filho tem trabalho hoje e não pode nos acompanhar. Iniciamos a nossa viagem tranquilamente rumo ao Ipiranga. No caminho conversávamos sobre a programação do dia e lamentávamos ter chegado ao final de um convívio tão bom. Lêda lembrou que Lairson tinha feito uma palestra no primeiro encontro da primeira formação (em Valença) e agora faria uma palestra no último encontro desta segunda. “Abrindo e fechando com chave de ouro!” Concluiu Lêda I.
Chegamos ao nosso destino e a turma de Ipiranga já estava a postos, logo depois chegaram as cursistas de São João, esperamos um pouquinho pelo pessoal de Paquetá e tão logo adentraram o recinto começamos os trabalhos do dia.
Propus uma dinâmica com balões para quebrar o gelo, na sequência apresentei o psicopedagogo Lairson e anunciei a palestra que faria: “Afetos integrais e refinados o que é o afeto dentro de nós?”.
Nesta imersão em afetos refinados ou não, integrais ou integrados permanecemos todos apreciando as palavras do psicopedagogo, perguntando, questionado e descobrindo o que realmente nos afeta e como somos afetados.
Ao término da esplêndida participação do Lairson fizemos a pausa para o lanche, em seguida retornei com um debate sobre inclusão digital e algumas dicas acerca da importância de utilizarmos a nosso favor a nova tecnologia informacional e lutarmos pela inserção dos nossos educandos no universo digital.
Discorrendo sobre inclusão digital aliada a educação como estratégia de igualdade social, voltei no tempo: início dos anos oitenta quando percorria as comunidades da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios de Picos sob a tutela do então pároco Alfredo Schaffler[1] em encontros comunitários proferindo palestra sobre a exclusão e equidade social. Vislumbrávamos uma minimização do quadro de miséria de algumas comunidades através da união dos membros dessas e de mutirões em empreendimentos comunitários. Um discurso “utópico”? Sim, mas na dimensão do realizável. Colhemos bons frutos dos cursos e palestras que promovíamos.
Apesar de empolgada com o assunto, não fiz nenhuma referência ao passado, apenas apreciei a participação dos cursistas, entretanto, estava ansiosa pelo momento especial deste dia: a socialização dos projetos realizados pelos professores.
Paquetá foi a primeira equipe a socializar seu projeto, uma iniciativa da cursista Francileide (Leda II) que escolheu como tema o da própria formação “A terra em que vivemos: Paquetá do Piauí”. O projeto subsidiou a II noite cultural do município realizada na localidade Pai Amaro.
Para esta apresentação fizeram um repeteco das exibições da noite cultural da quinta feira passada. Montaram o painel “meio ambiente” e pontos turísticos (paisagens naturais e figuras rupestres), a Leda (cursista) expôs o projeto e por fim o professor Francildo fez funcionar sua engenhoca (uma hidroelétrica em miniatura). Eu sabia que a maquete da usina hidroelétrica ia encantar a todos e encantou.
A dinâmica da apresentação foi interrompida, muitos cursistas levantaram-se de seus lugares para ver a maquete acender. A expectativa era grande. Demorou... Mas acendeu. No vídeo pode ser comprovado.
Depois do show desta turma, os professores ficaram tímidos e nem queriam mais apresentar seus trabalhos. Com incentivo de todos os presentes, as professoras de Ipiranga e São João resolveram socializar rapidamente suas experiências. A expectativa pela revelação do amigo oculto era grande. Por fim chegou o momento, gastamos cerca de quarenta minutos na troca de afeto e presentes.
O tempo correu e ninguém se deu conta, passava das treze horas quando fizemos uma pausa para a solenidade de encerramento preparada pelo pessoal de Ipiranga.
Passei então o “bastão” para Francisca Moura que conduziu o ato solene partindo da composição da “mesa de honra” (prefeita e secretária de educação de Ipiranga, secretário de educação de Paquetá, Lairson, a cursista Socorro representando a turma e um diretor de escola).
O hino da cidade foi entoado pelos ipirangueses, em seguida o balé fez duas lindíssimas apresentações e na sequência o pronunciamento dos componentes da mesa. Eu fui a primeira a ser chamada para falar, abreviei ao máximo minhas palavras e todos fizeram o mesmo. Nos pronunciamentos as autoridades exaltaram o nosso trabalho e relevaram a importância da formação continuada. Lairson (que achava já ter dito tudo, foi convocado por todos a deixar suas palavras finais) enfatizou a questão do afeto na ação do educar.
Às quatorze horas a solenidade foi encerrada e todos convidados a degustar as delícias do almoço preparado pelo pessoal da secretaria de educação de Ipiranga e servido ali mesmo.
Retomamos os trabalhos (noventa minutos depois) com o atendimento a cada cursistas(recebimento de projetos, cd, relatórios de atividades etc.) Em seguida propusemos a avaliação do curso e o último registro. Em virtude da resistência da maioria dos professores em fazer o ultimo registro sugeri uma dinâmica “a carta de despedida”.
O dia chega ao fim, o curso, a convivência, porém, as múltiplas vivências permanecerão nas lembranças e nas ações de muitos professores.
Eu havia preparado uma trilha sonora para este momento, mas, Lairson se adiantou e exibiu um belo musical em slide me animei, cantei a turma acompanhou cantamos juntos...
“Eu não sei pra onde vou [...] Onde o vento me levar vou abrir meu coração... “Nada do que foi será de novo/ do jeito que já foi um dia...” “Já está chegando a hora de ir, venho aqui me despedir e dizer/ em qualquer lugar por onde eu andar/ vou lembrar de você [...]
Outra vez os sentimentos fluem na forma de antítese, por um lado a felicidade decorrente do alcance dos objetivos, a serenidade que advêm da confiança do cumprimento do dever. Por outro lado, a saudade antecipada na projeção dos sábados que virão.
Foram tantos abraços troca de palavras afetuosas, um festival de emoção e algumas lágrimas. Mas, antes que a noite estendesse seu véu sobre a paisagem, nos despedimos de Francisca e tratamos de retornar a Picos.
[1] Atualmente bispo diocesano de Parnaíba-PI
IPIRANGA: ARQUIVO DAS BOAS LEMBRANÇAS
Ao lado a professora Lêda Gomes, companheira de jornada...
Fizemos o percurso Picos-Ipiranga de ônibus e chegamos ao nosso destino às sete horas e trinta minutos. Pouco tempo depois começam chegar os primeiros cursistas a quem acolhemos com alegria.Antes das oito horas, com o auditório lotado, iniciamos o nosso penúltimo encontro, como sempre o ponto de partida foi o acolhimento.
Fizemos o percurso Picos-Ipiranga de ônibus e chegamos ao nosso destino às sete horas e trinta minutos. Pouco tempo depois começam chegar os primeiros cursistas a quem acolhemos com alegria.Antes das oito horas, com o auditório lotado, iniciamos o nosso penúltimo encontro, como sempre o ponto de partida foi o acolhimento.
Às oito horas exibimos em slide a reflexão “A luz que transforma”, seguida da leitura do texto “ser ou ter” que cursista Ilda trouxe para partilhar com a turma, após alguns comentários sobre os textos iniciamos o tema do dia: “ A terra em uma aquarela” enfoque do caderno de Ciências.
A discussão do temário se estendeu durante toda a manhã, com diversas intervenções dos cursistas, ora indagando sobre alguma questão, ora elucidando o assunto através de colocações de vivências reais, porém às dez horas fizemos uma pausa de quinze minutos para o lanche e ao meio dia outra pausa maior para o almoço.
Às treze horas retomamos os trabalhos, enquanto aguardávamos os retardatários, exibimos mais um slide para animar o pessoal e espantar o sono do pós-almoço. Esta é uma prática recorrente, pois, desde a primeira formação percebemos que estas mensagens, mais que suscitar reflexões, massageiam o ego dos professores. Neste ponto é importante ressaltar que, por mais relevante que seja o conteúdo programático de um curso de formação, o acolhimento ao professor se configura como ação precípua, dada as vicissitudes que mapeiam o cotidiano do educador.
É chegada a hora do “brinquedo”! Assim pode ser considerado o momento dos experimentos. Em meio ao frenesi babélico dos professores prosseguimos com as demonstrações de espelhos côncavos e convexos, lentes convergentes e divergentes, reflexão, refração e propagação da luz e cores em tinta e cores em luz. Todos se divertem muito e alguns parecem crianças girando os peões no meio da sala. É demasiadamente interessante! A sensação que se tem é que estamos em um pátio de jardim de infância na hora do brinquedo.
No final da tarde, antes das atividades de encerramento abrimos o espaço para a discussão acerca do encerramento do curso, revelamos os admiradores secretos, fizemos a leitura dos recados e um novo sorteio para amigo oculto. Propusemos a elaboração do registro, nos despedimos dos cursitas, encerramos nossos trabalhos e nos dirigimos ao terminal rodoviário.
Enquanto aguardávamos o ônibus fizemos algumas imagens para o arquivo das boas lembranças da formação que certamente serão muitas!
Enquanto aguardávamos o ônibus fizemos algumas imagens para o arquivo das boas lembranças da formação que certamente serão muitas!
A mudança do curso de São João da Varjota para Ipiranga foi a decisão mais acertada que tomamos, pois, possibilitou o contato com uma cidade que compensa a pequenez do espaço geográfico com a solicitude e doçura do seu povo.
VIVÊNCIAS MEMORÁVEIS
Rememorando os acontecimentos do dia, tento registrar a essência do oitavo encontro da formação. O que me vem à mente de imediato é a conversa que tivemos (Lêda I, Leda II e eu) nas primeiras horas da manhã.
Em virtude do meu filho e do esposo da Lêda (tutora) estarem viajando pedi ao seu Dudé[1] que fosse nos deixar no ponto de encontro da turma de Paquetá antes das seis e meia, pois, o motorista se comprometeu a sair mais cedo para nos dar uma carona. No primeiro percurso íamos tagarelando as três, veio à tona a proximidade do término da formação e partilhamos do mesmo sentimento de saudade antecipada.
O transporte chegou, começamos a nossa viagem em boa companhia. A conversa animada parece encurtar a distância e às oito horas adentramos a secretaria municipal de educação, já repleta de cursistas a quem causou estranheza o fato de não nos encontrar na chegada.
Sem mais tempo a perder iniciamos o trabalhos do dia com a exibição do slide: E Piauí: um leque de possibilidades, cuja escolha se deve ao fato do dia 19 ser comemorado o dia do nosso estado.
Passado o encantamento com o conteúdo do slide, fizemos a exposição do primeiro tema escolhido para esta aula: “Simetria em movimento”. Ao contrário das formações anteriores, este tema despertou muito interesse, os professores acompanharam, questionaram e quando propusemos as atividades tanto no caderno, quanto na malha quadriculada, todos se dispuseram a realizá-las. Introduzimos o segundo tema do dia: o tangram, entretanto nos detivemos à exposição (em slide) sobre a suposta origem, aplicação, as dobraduras.
E assim rapidamente passou a nossa manhã, então fizemos uma pausa para o almoço.
Á tarde sugerimos a confecção do tangram e novamente os cursistas voltam por alguns minutos à infância e se alegram experimentando, brincando e mostrando seus feitos.
Além do material que já tínhamos levei slides expondo n possibilidades de se trabalhar com o trangram. Na turma apenas dois ou três professores haviam explorando o tangram em sala de aula, cuja aplicação se deu de forma lúdica. Ao expormos os diversos conhecimentos que podem ser construídos a partir da manipulação deste recurso alguns professores ficaram surpresos. Ao cair da tarde propusemos a elaboração do registro e finalizamos o oitavo encontro.
Refletindo sobre os acontecimentos deste e de outros encontros (procurando enxugar o texto o máximo possível, visto que, minha colega tutora já fez uma referência à prolixidade constante nos meus registros) refaço mentalmente a imagem dos cursistas empenhados em realizar as atividades. Posso por fim afirmar que as vivências desta formação são realmente memoráveis.
[1] Seu Dudé é meu sogro, apesar do meu esposo ter falecido há 15 anos continuamos unidos pelo mesmo laço familiar, visto que, nunca contraí outro matrimônio.
IPIRANGA: MAIS UM DIA FELIZ
Hoje, sábado 10 de outubro de 2009, será mais um dia feliz, porque Ipiranga está à nossa espera.
Chegamos ao nosso destino às sete horas e trinta minutos, e como de costume Francisca já estava na secretaria.
Às oito horas começamos as atividades e conforme havíamos planejado neste primeiro momento utilizamos alguns minutos, para fazer uma pequena homenagem aos professores. Como não podíamos levar um presente para cada um, levamos alguns e fizemos sorteio, mas, para não excluir a maioria, levei canetas-calendário para todos e enfatizei numa linguagem metafórica a nossa ação docente transformadora, que possibilita a todos nós educadores e educandos escrevermos nossa própria história.
Quanto ao calendário, ainda fazendo uso de metáforas, sublinhei o meu desejo de que ficasse “datado” como acontecimento histórico a participação neste curso “A terra em que vivemos”, visto que, os conhecimentos construídos ao longo da formação nos permitirão trabalhar conteúdos, até então envolto em mitos, de forma prazerosa, efetivando assim aprendizagens verdadeiramente significativas.
Foi muito gratificante compartilhar com os professores este momento de alegria e descontração.
Passada a euforia inicial, partimos para a abordagem teórica: “Quando a natureza atua”. É importante relevar que, este tema foi muito discutido, cada cursista tinha algo a acrescentar ou questionar, eles pareciam eletrizados, não sei se por conta do assunto em pauta, ou se pela comemoração antecipada do dia do professor, talvez pela conjuntura.
No decorrer da manhã fizemos a pausa habitual para lanche em seguida retomamos a eletrizante abordagem teórica que continuou exercendo um forte magnetismo capaz de chamar à atenção e suscitar inúmeras reflexões acerca de informações totalmente “chocantes” para os cursistas, que tal qual um raio “ascendente” acendia inúmeras discussões.
Ao meio dia paramos para o almoço, e às treze horas retomamos os trabalhos. Para não causar prejuízos a alguns cursistas que não havia retornado (pois alegaram precisar de mais tempo, assumiram o compromisso de não ultrapassar os trinta minutos conforme o combinado), exibi alguns slides reflexivos procurando contextualizar o conteúdo destes à ação docente.
Percebo que a maioria dos professores gosta intensamente de tais intervenções, pois em alguns registros estas ocupam o mesmo espaço do conteúdo estudado.
Terminada a exposição teórica sugerimos as atividades práticas e outra vez o cenário se assemelha a festa infantil, não só pelo colorido dos balões que atritados pelo cabelo demonstram a existência da eletricidade estática ao atrair o bonequinho de papel, mas, pela balbúrdia dos cursistas. Em clima festivo foram realizados os outros experimentos: bússola (de cortiça), circuitos elétricos e etc.
Por volta das dezessete horas propusemos a elaboração dos registros, e quando atendíamos os últimos cursistas (entregando registro e assinando a frequência da tarde), fomos surpreendidas com um presente da turma: uma cesta recheada de deliciosos produtos locais.
No retorno a Picos pegamos uma carona com o pessoal de Paquetá e o percurso continuou em clima festivo.
Minha previsão inicial se realizou, tivemos um dia inteiramente feliz!!!
Chegamos ao nosso destino às sete horas e trinta minutos, e como de costume Francisca já estava na secretaria.
Às oito horas começamos as atividades e conforme havíamos planejado neste primeiro momento utilizamos alguns minutos, para fazer uma pequena homenagem aos professores. Como não podíamos levar um presente para cada um, levamos alguns e fizemos sorteio, mas, para não excluir a maioria, levei canetas-calendário para todos e enfatizei numa linguagem metafórica a nossa ação docente transformadora, que possibilita a todos nós educadores e educandos escrevermos nossa própria história.
Quanto ao calendário, ainda fazendo uso de metáforas, sublinhei o meu desejo de que ficasse “datado” como acontecimento histórico a participação neste curso “A terra em que vivemos”, visto que, os conhecimentos construídos ao longo da formação nos permitirão trabalhar conteúdos, até então envolto em mitos, de forma prazerosa, efetivando assim aprendizagens verdadeiramente significativas.
Foi muito gratificante compartilhar com os professores este momento de alegria e descontração.
Passada a euforia inicial, partimos para a abordagem teórica: “Quando a natureza atua”. É importante relevar que, este tema foi muito discutido, cada cursista tinha algo a acrescentar ou questionar, eles pareciam eletrizados, não sei se por conta do assunto em pauta, ou se pela comemoração antecipada do dia do professor, talvez pela conjuntura.
No decorrer da manhã fizemos a pausa habitual para lanche em seguida retomamos a eletrizante abordagem teórica que continuou exercendo um forte magnetismo capaz de chamar à atenção e suscitar inúmeras reflexões acerca de informações totalmente “chocantes” para os cursistas, que tal qual um raio “ascendente” acendia inúmeras discussões.
Ao meio dia paramos para o almoço, e às treze horas retomamos os trabalhos. Para não causar prejuízos a alguns cursistas que não havia retornado (pois alegaram precisar de mais tempo, assumiram o compromisso de não ultrapassar os trinta minutos conforme o combinado), exibi alguns slides reflexivos procurando contextualizar o conteúdo destes à ação docente.
Percebo que a maioria dos professores gosta intensamente de tais intervenções, pois em alguns registros estas ocupam o mesmo espaço do conteúdo estudado.
Terminada a exposição teórica sugerimos as atividades práticas e outra vez o cenário se assemelha a festa infantil, não só pelo colorido dos balões que atritados pelo cabelo demonstram a existência da eletricidade estática ao atrair o bonequinho de papel, mas, pela balbúrdia dos cursistas. Em clima festivo foram realizados os outros experimentos: bússola (de cortiça), circuitos elétricos e etc.
Por volta das dezessete horas propusemos a elaboração dos registros, e quando atendíamos os últimos cursistas (entregando registro e assinando a frequência da tarde), fomos surpreendidas com um presente da turma: uma cesta recheada de deliciosos produtos locais.
No retorno a Picos pegamos uma carona com o pessoal de Paquetá e o percurso continuou em clima festivo.
Minha previsão inicial se realizou, tivemos um dia inteiramente feliz!!!
IPIRANGA: TOM DA FELICIDADE
Às cinco horas da manhã o alarme dispara, ele bem que tentou me informar que estava na hora de acordar, porém, não lhe dei ouvido. Se não fosse a Paula Fernanda (minha prima que veio passar o final de semana em casa) eu teria me atrasado para o compromisso inadiável e intransferível deste sábado, 03 de outubro de 2009.
Levanto-me às pressas e o chuveiro cumpre a terrível missão de acordar alguém que dormira apenas duas horas e alguns minutos na noite anterior.
Acordo o meu filho para irmos buscar a Leda e em seguida nos dirigimos ao terminal rodoviário. Hoje não temos mordomia iremos pegar um ônibus que sai entre seis e seis e meia, para chegarmos ao Ipiranga antes dos cursistas. Ao adentrarmos o terminal o ônibus já estava na plataforma, foi só o tempo de correr dois lances de escada para comprar as passagens. Ufa! Cinco minutos de atraso teria complicado tudo.
Leda é a primeira a embarcar e fica brincando com o sensor eletrônico da porta interna do ônibus indo e voltando para guardar nossos pertences, enquanto eu espero o motorista colocar uma caixa na gaveta.
Deixamos o terminal para trás e seguimos pela Avenida Transamazônica. O sol que já havia se levantado tentava nos aquecer através do vão da cortina da janela, porém, o ar refrigerado impedia-o de cumprir tal função.
O ônibus faz uma parada na saída da cidade para embarque de uns passageiros e uma agradável surpresa: Ana Teresa e Jerusa (cursistas de Paquetá) iam conosco, pois, a perua que as transporta quebrou. Após os cumprimentos efusivos elas tomam seus assentos enquanto eu procuro a toalha na bolsa, me agasalho e tento cochilar.
Fecho os olhos e penso nas visitas que abandonei em casa: Netinho (meu primo quase irmão) que mora em São Paulo e veio passar doze dias no Piauí, dos quais dois ficaria comigo em Picos, e Fernanda, grávida de seis meses, com o filhinho de dois anos e meio que moram em Massapê do Piauí onde deixou o marido para ficar em nossa companhia... As lembranças vagueiam e me pego visualizando a Fernandinha criança vivaz, polida, educada, linda! Com seus expressivos olhos azuis esverdeados.
Penso nos laços afetivos que nos mantém atada esta tríade, apesar da diferença de idade. Netinho beirando os trinta, eu com quarenta e seis e Fernanda no limiar dos vinte. Na companhia deles exerço a função de mãe, amiga e irmã.
Acho que dormi um pouco. O ônibus faz outra parada, o motorista anuncia: “Ipiranga!” Indago sobre o horário. Ana Teresa informa “sete e trinta”. Fazemos o pequeno percurso da rodoviária à Secretaria de Educação, ela e Jerusa nos ajuda com a bagagem.
O dia está lindo, a cidade parece nos saudar com um “bom dia!” As palmeiras altas da secretaria balançam ao vento como que querendo nos abraçar. Francisca já está a postos e verbaliza a mensagem que a cidade tentava passar: ”Bom dia! Sejam bem vindas!”
Aos poucos os cursitas vão chegando emprestando vida ao espaço. Às oito horas principiamos os procedimentos de praxe (acolhida, exibição de um slide e reflexão) na sequência fazemos a exposição teórica do conteúdo “Perto ou longe?”.
Às dez horas paramos cerca de dez minutos para o lanche e retomamos a abordagem. Leda se empolgou com a ampliação e redução através de homotetia. Os cursistas demonstraram um notável interesse reduzindo e ampliando também.
Ao meio dia paramos para o almoço. Francisca nos convida (Lêda e eu) para almoçarmos na casa dela. O cardápio estava impecável... Deste jeito corremos o risco ficarmos mal acostumadas e querer voltar sempre a Ipiranga mesmo depois do término do curso.
Às treze horas voltamos e exibimos imagens (impressas e virtuais) nas quais se constatam a ilusão de ótica. As professoras pareciam crianças de tão deslumbradas.
Prosseguindo com nosso temário apresentamos a lenda da Torre de Hanói, seguida da experimentação do jogo com material concreto e também online.
A tarde ameaçava despedir-se de nós quando propusemos a elaboração dos registros e encerramos os trabalhos.
Francisca solicitou ao condutor de uma van que fosse até a secretaria para nos conduzir a Picos, ele atendeu prontamente e no final da tarde foi possível retornar sem o menor problema. Na entrada da cidade já avistei o “Xurupita” (nosso transporte) então liguei para meu filho nos levar em casa.
Sinto-me imensamente feliz depois que mudamos a formação para o Ipiranga, a comodidade relativa ao deslocamento somada à hospitalidade do pessoal dão o tom desta felicidade.
Levanto-me às pressas e o chuveiro cumpre a terrível missão de acordar alguém que dormira apenas duas horas e alguns minutos na noite anterior.
Acordo o meu filho para irmos buscar a Leda e em seguida nos dirigimos ao terminal rodoviário. Hoje não temos mordomia iremos pegar um ônibus que sai entre seis e seis e meia, para chegarmos ao Ipiranga antes dos cursistas. Ao adentrarmos o terminal o ônibus já estava na plataforma, foi só o tempo de correr dois lances de escada para comprar as passagens. Ufa! Cinco minutos de atraso teria complicado tudo.
Leda é a primeira a embarcar e fica brincando com o sensor eletrônico da porta interna do ônibus indo e voltando para guardar nossos pertences, enquanto eu espero o motorista colocar uma caixa na gaveta.
Deixamos o terminal para trás e seguimos pela Avenida Transamazônica. O sol que já havia se levantado tentava nos aquecer através do vão da cortina da janela, porém, o ar refrigerado impedia-o de cumprir tal função.
O ônibus faz uma parada na saída da cidade para embarque de uns passageiros e uma agradável surpresa: Ana Teresa e Jerusa (cursistas de Paquetá) iam conosco, pois, a perua que as transporta quebrou. Após os cumprimentos efusivos elas tomam seus assentos enquanto eu procuro a toalha na bolsa, me agasalho e tento cochilar.
Fecho os olhos e penso nas visitas que abandonei em casa: Netinho (meu primo quase irmão) que mora em São Paulo e veio passar doze dias no Piauí, dos quais dois ficaria comigo em Picos, e Fernanda, grávida de seis meses, com o filhinho de dois anos e meio que moram em Massapê do Piauí onde deixou o marido para ficar em nossa companhia... As lembranças vagueiam e me pego visualizando a Fernandinha criança vivaz, polida, educada, linda! Com seus expressivos olhos azuis esverdeados.
Penso nos laços afetivos que nos mantém atada esta tríade, apesar da diferença de idade. Netinho beirando os trinta, eu com quarenta e seis e Fernanda no limiar dos vinte. Na companhia deles exerço a função de mãe, amiga e irmã.
Acho que dormi um pouco. O ônibus faz outra parada, o motorista anuncia: “Ipiranga!” Indago sobre o horário. Ana Teresa informa “sete e trinta”. Fazemos o pequeno percurso da rodoviária à Secretaria de Educação, ela e Jerusa nos ajuda com a bagagem.
O dia está lindo, a cidade parece nos saudar com um “bom dia!” As palmeiras altas da secretaria balançam ao vento como que querendo nos abraçar. Francisca já está a postos e verbaliza a mensagem que a cidade tentava passar: ”Bom dia! Sejam bem vindas!”
Aos poucos os cursitas vão chegando emprestando vida ao espaço. Às oito horas principiamos os procedimentos de praxe (acolhida, exibição de um slide e reflexão) na sequência fazemos a exposição teórica do conteúdo “Perto ou longe?”.
Às dez horas paramos cerca de dez minutos para o lanche e retomamos a abordagem. Leda se empolgou com a ampliação e redução através de homotetia. Os cursistas demonstraram um notável interesse reduzindo e ampliando também.
Ao meio dia paramos para o almoço. Francisca nos convida (Lêda e eu) para almoçarmos na casa dela. O cardápio estava impecável... Deste jeito corremos o risco ficarmos mal acostumadas e querer voltar sempre a Ipiranga mesmo depois do término do curso.
Às treze horas voltamos e exibimos imagens (impressas e virtuais) nas quais se constatam a ilusão de ótica. As professoras pareciam crianças de tão deslumbradas.
Prosseguindo com nosso temário apresentamos a lenda da Torre de Hanói, seguida da experimentação do jogo com material concreto e também online.
A tarde ameaçava despedir-se de nós quando propusemos a elaboração dos registros e encerramos os trabalhos.
Francisca solicitou ao condutor de uma van que fosse até a secretaria para nos conduzir a Picos, ele atendeu prontamente e no final da tarde foi possível retornar sem o menor problema. Na entrada da cidade já avistei o “Xurupita” (nosso transporte) então liguei para meu filho nos levar em casa.
Sinto-me imensamente feliz depois que mudamos a formação para o Ipiranga, a comodidade relativa ao deslocamento somada à hospitalidade do pessoal dão o tom desta felicidade.
IPIRANGA "AMADA": poesia personificada
IPIRANGA: “terra pequena e abençoada!”
Hoje é sábado 26 de setembro, tenho um longo dia pela frente. Levanto-me antes do sol para preparar a viagem. Conforme ficou acordado no último encontro em São João da Varjota a partir de hoje a formação migraria para a Cidade de Ipiranga, considerando que esta é de mais fácil acesso por ficar situada a margem da BR 316. Portanto, seguimos rumo ao nosso destino: Lêda, Leda II (Francileide- cursista de Paquetá), Márdila Fernanda (noiva do meu filho e na ocasião nossa motorista) e eu.
Cerca de uma hora depois a pequena simpática Ipiranga surge à nossa frente nos saudado com uma placa de boas vindas. Encontrar a Secretaria Municipal de Educação (que sediaria o encontro) foi fácil, altas e belas palmeiras dão o tom singular do local. Fomos recebidas pelas cursistas de Ipiranga em comitiva em meio a uma alegria contagiante... Adentramos o acolhedor e redondo recinto e uma pequena placa chama-me a atenção, cujo texto vale a pena relevar:
Minha terra
Nesta terra pequena e abençoada
Um poeta nasceu.
Se a terra és tu, minha Ipiranga Amada!
O poeta... sou eu!
Dr. Luiz Lopes Sobrinho
17.07.1987
Francisca Moura, Ivaneide, Reginalda e demais cursistas de Ipiranga nos apresentaram o espaço e nos conduziram ao auditório onde já nos esperava a secretária de educação do município Sra. Velúzia Maciel.
Às oito horas turma de Paquetá deu o ar da graça, seguida de alguns cursistas de São João da Varjota e resolvemos iniciar os trabalhos do dia. Não sem que a Francisca Moura e a Velúzia fizessem as honras da casa em breves pronunciamentos de boas vindas.
A recepção calorosa motivou todos os presentes, parecia estarmos ali para uma festa. Até a prefeita da cidade Prof. Iolanda apareceu para nos prestigiar, proferiu um breve discurso sobre a importância da formação continuada frente aos desafios da educação para a cidadania e permaneceu conosco no decurso do primeiro momento.
Iniciamos os trabalhos do dia como de costume: acolhida (dinâmica / reflexão) e leitura do registro do encontro passado. Na sequência apresentei a nossa convidada Márdila Fernanda, acadêmica dos cursos de Serviço Social e Pedagogia, que fez algumas colocações acerca da função social da educação enquanto estratégia da equidade social. A seguir uma surpresa para os cursistas: os cadernos. Ufa! Até que enfim!!!
De posse dos tão esperados cadernos, os cursistas focaram a atenção abordagem teórica: “Conhecendo o mundo através das formas”.
Por volta das dez horas fizemos uma pausa para degustamos o delicioso lanche que nossas anfitriãs ofereceram.
Passados uns dez minutos retomamos a exposição teórica. Não sei se por conta da mudança de ambiente, do clima acolhedor, dos cadernos ou a somatória de fatores, fato é que, a turma participou ativamente, alguns ficaram encantados com os de padrões de Escher e a manhã célere voou.
Ao meio dia fizemos uma pausa para o almoço, entretanto, o pessoal de Paquetá “não aquietou”, foram explorar a cidade e só depois voltaram para almoçar.
Às treze horas e dez minutos recomeçamos com as pinturas dos polígonos e demais figuras para simularmos as pavimentações, em seguida partimos para confecção do caleidoscópio.
A animação dos professores apreciando o caleidoscópio é algo inenarrável, só lamento que o excesso de entusiasmo seja responsável por termos esquecido por completo de registrar este momento.
Neste clima animado e festivo o período da tarde, tal qual, o da manhã passou sem nos darmos conta. Faltando poucos minutos para 17 horas fizemos a leitura dos recadinhos e propusemos a elaboração do registro, quando os últimos professores deixaram o local nós (Márdila, Lêda I, Leda II e eu) nos despedimos das cursistas de Ipiranga e deixamos a cidade, com a certeza de que este foi o melhor encontro desta formação até então.
O sol esmaecia no horizonte, o clima se tornava mais ameno. A cidade parecia personificar a poética do Dr. Luiz: “Se a terra és tu, minha Ipiranga amada! O poeta... sou eu”. A receptividade dos Ipirangueses empresta à cidade um aspecto tão acolhedor que me veio à mente as últimas palavras que proferi na despedida: A grandeza do Ipiranga não está no espaço geográfico e sim no coração dos seus filhos.
Hoje é sábado 26 de setembro, tenho um longo dia pela frente. Levanto-me antes do sol para preparar a viagem. Conforme ficou acordado no último encontro em São João da Varjota a partir de hoje a formação migraria para a Cidade de Ipiranga, considerando que esta é de mais fácil acesso por ficar situada a margem da BR 316. Portanto, seguimos rumo ao nosso destino: Lêda, Leda II (Francileide- cursista de Paquetá), Márdila Fernanda (noiva do meu filho e na ocasião nossa motorista) e eu.
Cerca de uma hora depois a pequena simpática Ipiranga surge à nossa frente nos saudado com uma placa de boas vindas. Encontrar a Secretaria Municipal de Educação (que sediaria o encontro) foi fácil, altas e belas palmeiras dão o tom singular do local. Fomos recebidas pelas cursistas de Ipiranga em comitiva em meio a uma alegria contagiante... Adentramos o acolhedor e redondo recinto e uma pequena placa chama-me a atenção, cujo texto vale a pena relevar:
Minha terra
Nesta terra pequena e abençoada
Um poeta nasceu.
Se a terra és tu, minha Ipiranga Amada!
O poeta... sou eu!
Dr. Luiz Lopes Sobrinho
17.07.1987
Francisca Moura, Ivaneide, Reginalda e demais cursistas de Ipiranga nos apresentaram o espaço e nos conduziram ao auditório onde já nos esperava a secretária de educação do município Sra. Velúzia Maciel.
Às oito horas turma de Paquetá deu o ar da graça, seguida de alguns cursistas de São João da Varjota e resolvemos iniciar os trabalhos do dia. Não sem que a Francisca Moura e a Velúzia fizessem as honras da casa em breves pronunciamentos de boas vindas.
A recepção calorosa motivou todos os presentes, parecia estarmos ali para uma festa. Até a prefeita da cidade Prof. Iolanda apareceu para nos prestigiar, proferiu um breve discurso sobre a importância da formação continuada frente aos desafios da educação para a cidadania e permaneceu conosco no decurso do primeiro momento.
Iniciamos os trabalhos do dia como de costume: acolhida (dinâmica / reflexão) e leitura do registro do encontro passado. Na sequência apresentei a nossa convidada Márdila Fernanda, acadêmica dos cursos de Serviço Social e Pedagogia, que fez algumas colocações acerca da função social da educação enquanto estratégia da equidade social. A seguir uma surpresa para os cursistas: os cadernos. Ufa! Até que enfim!!!
De posse dos tão esperados cadernos, os cursistas focaram a atenção abordagem teórica: “Conhecendo o mundo através das formas”.
Por volta das dez horas fizemos uma pausa para degustamos o delicioso lanche que nossas anfitriãs ofereceram.
Passados uns dez minutos retomamos a exposição teórica. Não sei se por conta da mudança de ambiente, do clima acolhedor, dos cadernos ou a somatória de fatores, fato é que, a turma participou ativamente, alguns ficaram encantados com os de padrões de Escher e a manhã célere voou.
Ao meio dia fizemos uma pausa para o almoço, entretanto, o pessoal de Paquetá “não aquietou”, foram explorar a cidade e só depois voltaram para almoçar.
Às treze horas e dez minutos recomeçamos com as pinturas dos polígonos e demais figuras para simularmos as pavimentações, em seguida partimos para confecção do caleidoscópio.
A animação dos professores apreciando o caleidoscópio é algo inenarrável, só lamento que o excesso de entusiasmo seja responsável por termos esquecido por completo de registrar este momento.
Neste clima animado e festivo o período da tarde, tal qual, o da manhã passou sem nos darmos conta. Faltando poucos minutos para 17 horas fizemos a leitura dos recadinhos e propusemos a elaboração do registro, quando os últimos professores deixaram o local nós (Márdila, Lêda I, Leda II e eu) nos despedimos das cursistas de Ipiranga e deixamos a cidade, com a certeza de que este foi o melhor encontro desta formação até então.
O sol esmaecia no horizonte, o clima se tornava mais ameno. A cidade parecia personificar a poética do Dr. Luiz: “Se a terra és tu, minha Ipiranga amada! O poeta... sou eu”. A receptividade dos Ipirangueses empresta à cidade um aspecto tão acolhedor que me veio à mente as últimas palavras que proferi na despedida: A grandeza do Ipiranga não está no espaço geográfico e sim no coração dos seus filhos.
Formação em Vera Mendes
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
AMÁLGAMA DE EMOÇÕES: REGISTRO DO OITAVO ENCONTRO: 16.05.2009
O despertador insistentemente informa: hora de acordar, duvidando um pouco do horário e com vontade de dormir mais só um pouquinho consulto o relógio, são quatro horas e quarenta minutos, sem mais tempo a perder começo os preparativos para a viagem. Antes de terminar de me arrumar falta energia (ainda bem que só depois do banho), procuro a lanterna e logo uma buzina toca lá embaixo.
Hoje temos como companheiros de viagem uma dupla especial: Marta Moraes e esposo. Esta trocou o Piauí pelo Ceará há cinco anos e agora faz sua arte por lá. Marta é poetisa, radialista, considerada a mais bela voz feminina do rádio picoense. Voltou à terrinha para rever os amigos (eu fui eleita "tia" desde que se filiou a UPE - União Picoense de Escritores). Não satisfeita de eu ter deixado a festa surpresa que minhas irmãs havia me preparado cedo demais na noite anterior, ela decidiu que me presentearia com a sua companhia hoje.
Pegamos a estrada um pouco mais tarde, é que fomos buscar a Lêda que já estava a esperar no portão, preocupada com o adiantado da hora.
Cinco horas e quarenta minutos rumamos a Valença, a trilha sonora encanta (Jota Quest, "hoje preciso de você, com qualquer humor... Fagner, canteiros... Caetano etc) e embala os cochilos durante a viagem, em meio uma densa neblina durante percurso Picos-Inhuma. Depois o sol foi despontando em raios incandescentes e a neblina foi esvaecendo.
Antes das sete horas chegamos ao nosso destino, porém como não havia nenhuma cursista na escola, convidamos nossos amigos para um café. Cerca de quarenta minutos depois retornamos, agora com todo gás, prontas para iniciar os trabalhos do dia.
A professora Ivone trouxe-nos um slide maravilhoso que abriu uma boa discussão acerca da tênue linha que separa o possível do impossível de modo geral e no âmbito das necessidades especiais em seguida exibi o slide "Sou educadora de Infância", estabelecendo assim o elo entre as limitações de algumas crianças e o fazer pedagógico embasado na afetividade e no acolhimento, ou seja, saber ouvir o que em silêncio algumas crianças gritam, ler nas entrelinhas as mensagens que elas revelam e aceitar o desafio de educar vencendo nossas próprias limitações, inabilidades e temores.
Outra vez os professores da zona rural, temerosos quanto à volta, pois, as chuvas incessantes vêm deixando as estradas vicinais que dão acesso a cidade intransitáveis, solicitaram o horário corrido com pausa de quinze minutos para o lanche e sem intervalo para almoço, solidários os colegas concordaram. Prevendo esta possibilidade levamos ingredientes para um lanche mais reforçado (flocão de milho, salsichas, margarina etc).
Na sequência iniciamos a abordagem teórica: " Quando a natureza atua." Explanei sobre conceito de eletricidade, a eletricidade estática e eletricidade em movimento, a eletricidade na natureza. Sempre priorizando a participação do pessoal, que ora perguntava, ora acresecentava algo à exposição.
A Marta chega à porta para combinar horário de almoço, convido-a a entrar, apresento-a a turma e peço-lhe que fale um pouco do uso da energia eólica no Ceará onde reside. Ela explanou com muita propriedade sobre a experiência na cidade de Sobral no Ceará e projetos em outras cidades litorâneas. Pela expressão facial dos professores ficou evidente que adoraram a participação relâmpago da Marta. Alguns reconheram a voz dos tempos de âncora no jornalismo do SCP (Sistema de Comunicação de Picos) e agradeceram a presença.
Ás dez horas e trinta minutos fizemos a pausa para o lanche. A merendeira da escola, conforme havíamos combinado, fez uma deliciosa farofa de cuscuz, prato típico da região. A Sandra pegou carona na nossa idéia, mandou comprar os mesmos ingredientes e também ofereceu aos seus cursista do gestar II o mesmo lanche. Todos elogiaram a merenda e vinte minutos mais tarde retomamos nossos trabalhos.
O professor "X" estava atento a exposição para compensar o tempo perdido (além de faltar o último encontro, havia chegado atrasado após o intervalo). Então resolvi provocá-lo ao expor "usinas termoelétricas: vantagens e desvantagens", sobretudo no tocante a degradação ambiental, e os PRADs (planos de recuperação de áreas degradadas), que equivocadamente são entendidos como plantio de qualquer espécie de vegetação, na maioria das vezes sem a preocupação de replantio da vegetação nativa.
Fiz referência a alguns PRADs no estado de São Paulo, (com base na monografia da minha irmã que reside lá, e fez um TCC com este tema há dois anos). Empolgada com o assunto e com a atenção a este dispensada, percebi no meio da explanação os olhos atentos do professor X, voltei-me para ele e indaguei "Estou certa professor?", a turma inteira sorriu... Então ele começou a se pronunciar dizendo ter estado as duas últimas semanas na "Serra dos Carajás". Convidei-o a ficar de pé, entreguei-lhe o marcador e cedi-lhe o lugar, para explanar a respeito de mineradoras e recuperação de áreas já que ele conheceu ao vivo, e eu só através de leituras e fotos. Todos incentivaram: "Vai professor!!!"
Para nossa surpresa o professor não entrou direto no assunto, antes pediu permissão para se pronunciar a respeito da sua ausência. Ora, iniciamos nosso trabalho abordando a questão do saber ouvir, acolher, compreender, contextualizar, logo não poderíamos vetar o pronunciamento do professor. Ele explicou porque não havia comparecido ao último encontro. Na verdade ele não esteve a passeio na Serra dos Carajás... Havia ido resolver um problema de ordem pessoal: tentar encontrar um filho, rapaz de vinte e três anos, do qual se separou quando ainda era um bebê... E agora se encontra desaparecido.
O relato do professor foi emocionado e emocionante, seu ar sério se desfez ao se dirigir a nós "mães" e dizer que entendemos muito do amor e da preocupação excessivos em relação aos filhos. Concordamos, pois, nesta área em particular somos catedráticas... Permanecemos no mais absoluto silêncio.
A história real do colega retratada em detalhes, que não cabe aqui expor, tocou profundamente, não só a mim, mas, a todos os presentes. A expectativa pelo desfecho era imensa, porém, essa história, ainda está a espera do "final feliz"... Ele falou do reencontro com a mãe do seu filho depois de vinte anos e de quão aprazível foi constatar que ela refez sua vida de forma digna ao lado de um companheiro que a ajudou na formação do filho. Os três irmanados neste momento de angústia buscam a solução para problema... Faltaram-lhe palavras...
No impulso convoquei aqueles que quisessem a ficarem de pé e juntos fazer uma oração, todos se levantaram de imediato. Iniciei a oração falando diretamente com Deus aquilo que o meu coração ditava e depois de mãos dados rezamos o Pai Nosso. Vi lágrimas furtivas rolando na face das pessoas. Tentei me conter e segurar as minhas que estavam prestes a desabar torrencialmente. Discorri sobre a fragilidade dos nossos sentimentos, mas acima de tudo da nossa confiança em Deus.
O professor X, refeito do momento de emoção, falou sobre a Vale do Rio Doce e as áreas recuperadas em detalhes, pois havia visitado e conferido como se efetiva o procedimento de recuperação.Tão logo terminou sua explanação agradeceu pelo espaço e pela nossa solidariedade.
Em meio esta amálgama de emoções eu descobri um ser humano que não conhecia e posso inferir que o nível de amizade desta turma avançou muito, ou seja, houve uma evolução crescente concernente à Pedagogia do afeto.
Leda continuou a exposição teórica ao final desta, exibi um slide que uma das minhas irmãs residente em Tocantins havia me enviado na noite anterior... O pai angustiado entendeu a mensagem e pareceu-me mais confiante à espera do desfecho feliz do caso.
Em seguida propusemos as experiências... Nem preciso dizer que a agitação foi geral, bolões sendo friccionados na cabeça, bonequinhos de papel colando nos balões... Circuitos aberto e fechados em um apaga/acende contínuo sob olhares perplexos. Professoras com bússolas nas mãos, dizendo ser a primeira vez que tem esta oportunidade... Correntes elétricas representadas em pulseiras de bolinhas... Sensações indescritíveis...
As quatorze horas os professores da zona rural estavam em polvorosa, havia prenúncio de chuva no céu. As vans estavam a postos, um dos motoristas (Novo Oriente) veio até a sala adverti-los quanto a inviabilidade de transitar em alguns trechos depois da chuva. Fato este que hoje resultou na ausência da professora Edna. Sugerimos a elaboração dos registros e meia hora depois estávamos a sós, a Lêda e eu.
Tão logo a Lêda ligou nossos companheiros de viagem vieram nos pegar, foi só o tempo de devolver o equipamento multimídia para o locador, nos despedimos da Sandra e voltamos ao centro da cidade, como de costume, guardar o material excedente e pegar nossos objetos de uso pessoal.
Preferimos descer a serra com a luz do dia a parar para outra refeição, pois o lanche tipicamente nordestino tinha nos roubado a fome do almoço, por outro lado, a Francisca (cursista) havia nos pedido uma carona até Picos, não era de bom tom deixá-la esperando por tanto tempo.
Amelinha, Belchior, Gilberto Gil, Emilio Santiago, Milton Nascimento cantaram durante o nosso retorno. A Marta preparou uma seleção das melhores músicas que eu tocava no meu programa de rádio compondo assim a trilha sonora desta viagem, acompanho Amelinha nos "mistérios do amor", peço "bis", porém Lêda reclama diz querer ouvir outras músicas.
Contemplo a paisagem e comento com Francisca a beleza dos morros ao longe e das flores de jurema que enfeitam a margem da estrada, ela me mostrou uma pedra no formato de sofá, apesar das inúmeras vezes que percorri este caminho com destino a Teresina e agora a Valença, não conhecia este monumento natural.
Percebi que ela tem um pouco da minha "maluquez" e então comecei a apontar as diferentes imagens que as nuvens formam, passamos a viagem inteira nesta brincadeira e encontramos no céu: carneirinhos, galinha, cachorro, pássaro voando, bebê engatinhando e muitas outras coisas que as nuvens desenhavam para nós. Foi então que Francisca encontrou nos desenhos etéreos "a nuvem de algodão" que sua mãe fazia na sua infância. Ela fez um relato das vivências do tempo de criança.
Oriunda de família pobre de treze irmãos viveu sua infância e adolescência em uma pequena comunidade da zona rural trabalhou na roça, carregou água na cabeça (não em peneira, em latas e cabaças), retirada dos olhos d'água da região em que morava, lavou roupa nos grotões.
Quanto às "nuvens de algodão" ela explicou: a mãe fiava e tecia redes, relatou em minúcias como funcionava o processo descaroçar o algodão, estendê-lo em esteira (feita de tranças de palhas de carnaúba), dispor o algodão no fuso e no tear. Eu estava completamente embevecida, elaborando mentalmente a imagem do fuso, do tear.
Ah! Preciso confessar que tive inveja de Francisca, pois, apesar de ter vivido mais de dez anos em uma comunidade do interior (morava com uma irmã da minha mãe, que me levou quando minha mãe esteve muito doente por uma semana e não mais devolveu, só voltei a morar com meus pais, já adolescente), não tive metade dessa vivência, pois eu era a bonequinha de porcelana dos meus pais adotivos que não tinham filhos.
O mais tocante da história de Francisca e que ela andava todos os dias três léguas (18 km) a pé para freqüentar a escola, o material escolar consistia em um caderno que dividia com a irmã. Ambas percorriam o caminho diariamente com seus vestidos de chita, fazendo confidências e planos para o futuro, ou seja, sonhando com uma vida melhor. Estudava para as provas socando milho, arroz, café etc. no pilão com o caderno posicionado a altura dos olhos. Notei certa melancolia no relato de Francisca, é que sua família mudou-se para São Paulo, aqui ficou além dela, a irmã companheira de caminhos e da vida, mesmo assim morando em outra cidade. Francisca casou-se aos dezenove anos, estudou e depois de mãe de três filhas conseguiu fazer um curso superior.
A saudade tem sido sua companheira além dos pais e irmãos tão distantes, as filhas já não moram com ela todas estudam fora (uma em Teresina e duas em Picos). A sua vinda a Picos tinha o mais nobre dos propósitos: amenizar a saudade e angústia de um coração materno. por isso ao chegarmos a Capital do Mel fomos primeiro deixar Francisca, afinal ela tinha muito mais pressa do que nós para estreitar em seus braços suas filhas, o que já não fazia há algum tempo e nós (Leda e eu) fizemos isso na noite anterior.
Esta formação tem se constituído por excelência em espaço de aprendizado para mim. Tenho ouvido muitas histórias e refletido muito sobre diferentes formas de vida. Gostaria muito de ter chegado às mentes dos nossos cursistas com esta mesma gama de informações e de ter contribuído na construção de novos conhecimentos com a autenticidade que sustente a aplicabilidade. Não sei o que vou deixar ao término dos encontros, mas, sei muito bem o levo.
O despertador insistentemente informa: hora de acordar, duvidando um pouco do horário e com vontade de dormir mais só um pouquinho consulto o relógio, são quatro horas e quarenta minutos, sem mais tempo a perder começo os preparativos para a viagem. Antes de terminar de me arrumar falta energia (ainda bem que só depois do banho), procuro a lanterna e logo uma buzina toca lá embaixo.
Hoje temos como companheiros de viagem uma dupla especial: Marta Moraes e esposo. Esta trocou o Piauí pelo Ceará há cinco anos e agora faz sua arte por lá. Marta é poetisa, radialista, considerada a mais bela voz feminina do rádio picoense. Voltou à terrinha para rever os amigos (eu fui eleita "tia" desde que se filiou a UPE - União Picoense de Escritores). Não satisfeita de eu ter deixado a festa surpresa que minhas irmãs havia me preparado cedo demais na noite anterior, ela decidiu que me presentearia com a sua companhia hoje.
Pegamos a estrada um pouco mais tarde, é que fomos buscar a Lêda que já estava a esperar no portão, preocupada com o adiantado da hora.
Cinco horas e quarenta minutos rumamos a Valença, a trilha sonora encanta (Jota Quest, "hoje preciso de você, com qualquer humor... Fagner, canteiros... Caetano etc) e embala os cochilos durante a viagem, em meio uma densa neblina durante percurso Picos-Inhuma. Depois o sol foi despontando em raios incandescentes e a neblina foi esvaecendo.
Antes das sete horas chegamos ao nosso destino, porém como não havia nenhuma cursista na escola, convidamos nossos amigos para um café. Cerca de quarenta minutos depois retornamos, agora com todo gás, prontas para iniciar os trabalhos do dia.
A professora Ivone trouxe-nos um slide maravilhoso que abriu uma boa discussão acerca da tênue linha que separa o possível do impossível de modo geral e no âmbito das necessidades especiais em seguida exibi o slide "Sou educadora de Infância", estabelecendo assim o elo entre as limitações de algumas crianças e o fazer pedagógico embasado na afetividade e no acolhimento, ou seja, saber ouvir o que em silêncio algumas crianças gritam, ler nas entrelinhas as mensagens que elas revelam e aceitar o desafio de educar vencendo nossas próprias limitações, inabilidades e temores.
Outra vez os professores da zona rural, temerosos quanto à volta, pois, as chuvas incessantes vêm deixando as estradas vicinais que dão acesso a cidade intransitáveis, solicitaram o horário corrido com pausa de quinze minutos para o lanche e sem intervalo para almoço, solidários os colegas concordaram. Prevendo esta possibilidade levamos ingredientes para um lanche mais reforçado (flocão de milho, salsichas, margarina etc).
Na sequência iniciamos a abordagem teórica: " Quando a natureza atua." Explanei sobre conceito de eletricidade, a eletricidade estática e eletricidade em movimento, a eletricidade na natureza. Sempre priorizando a participação do pessoal, que ora perguntava, ora acresecentava algo à exposição.
A Marta chega à porta para combinar horário de almoço, convido-a a entrar, apresento-a a turma e peço-lhe que fale um pouco do uso da energia eólica no Ceará onde reside. Ela explanou com muita propriedade sobre a experiência na cidade de Sobral no Ceará e projetos em outras cidades litorâneas. Pela expressão facial dos professores ficou evidente que adoraram a participação relâmpago da Marta. Alguns reconheram a voz dos tempos de âncora no jornalismo do SCP (Sistema de Comunicação de Picos) e agradeceram a presença.
Ás dez horas e trinta minutos fizemos a pausa para o lanche. A merendeira da escola, conforme havíamos combinado, fez uma deliciosa farofa de cuscuz, prato típico da região. A Sandra pegou carona na nossa idéia, mandou comprar os mesmos ingredientes e também ofereceu aos seus cursista do gestar II o mesmo lanche. Todos elogiaram a merenda e vinte minutos mais tarde retomamos nossos trabalhos.
O professor "X" estava atento a exposição para compensar o tempo perdido (além de faltar o último encontro, havia chegado atrasado após o intervalo). Então resolvi provocá-lo ao expor "usinas termoelétricas: vantagens e desvantagens", sobretudo no tocante a degradação ambiental, e os PRADs (planos de recuperação de áreas degradadas), que equivocadamente são entendidos como plantio de qualquer espécie de vegetação, na maioria das vezes sem a preocupação de replantio da vegetação nativa.
Fiz referência a alguns PRADs no estado de São Paulo, (com base na monografia da minha irmã que reside lá, e fez um TCC com este tema há dois anos). Empolgada com o assunto e com a atenção a este dispensada, percebi no meio da explanação os olhos atentos do professor X, voltei-me para ele e indaguei "Estou certa professor?", a turma inteira sorriu... Então ele começou a se pronunciar dizendo ter estado as duas últimas semanas na "Serra dos Carajás". Convidei-o a ficar de pé, entreguei-lhe o marcador e cedi-lhe o lugar, para explanar a respeito de mineradoras e recuperação de áreas já que ele conheceu ao vivo, e eu só através de leituras e fotos. Todos incentivaram: "Vai professor!!!"
Para nossa surpresa o professor não entrou direto no assunto, antes pediu permissão para se pronunciar a respeito da sua ausência. Ora, iniciamos nosso trabalho abordando a questão do saber ouvir, acolher, compreender, contextualizar, logo não poderíamos vetar o pronunciamento do professor. Ele explicou porque não havia comparecido ao último encontro. Na verdade ele não esteve a passeio na Serra dos Carajás... Havia ido resolver um problema de ordem pessoal: tentar encontrar um filho, rapaz de vinte e três anos, do qual se separou quando ainda era um bebê... E agora se encontra desaparecido.
O relato do professor foi emocionado e emocionante, seu ar sério se desfez ao se dirigir a nós "mães" e dizer que entendemos muito do amor e da preocupação excessivos em relação aos filhos. Concordamos, pois, nesta área em particular somos catedráticas... Permanecemos no mais absoluto silêncio.
A história real do colega retratada em detalhes, que não cabe aqui expor, tocou profundamente, não só a mim, mas, a todos os presentes. A expectativa pelo desfecho era imensa, porém, essa história, ainda está a espera do "final feliz"... Ele falou do reencontro com a mãe do seu filho depois de vinte anos e de quão aprazível foi constatar que ela refez sua vida de forma digna ao lado de um companheiro que a ajudou na formação do filho. Os três irmanados neste momento de angústia buscam a solução para problema... Faltaram-lhe palavras...
No impulso convoquei aqueles que quisessem a ficarem de pé e juntos fazer uma oração, todos se levantaram de imediato. Iniciei a oração falando diretamente com Deus aquilo que o meu coração ditava e depois de mãos dados rezamos o Pai Nosso. Vi lágrimas furtivas rolando na face das pessoas. Tentei me conter e segurar as minhas que estavam prestes a desabar torrencialmente. Discorri sobre a fragilidade dos nossos sentimentos, mas acima de tudo da nossa confiança em Deus.
O professor X, refeito do momento de emoção, falou sobre a Vale do Rio Doce e as áreas recuperadas em detalhes, pois havia visitado e conferido como se efetiva o procedimento de recuperação.Tão logo terminou sua explanação agradeceu pelo espaço e pela nossa solidariedade.
Em meio esta amálgama de emoções eu descobri um ser humano que não conhecia e posso inferir que o nível de amizade desta turma avançou muito, ou seja, houve uma evolução crescente concernente à Pedagogia do afeto.
Leda continuou a exposição teórica ao final desta, exibi um slide que uma das minhas irmãs residente em Tocantins havia me enviado na noite anterior... O pai angustiado entendeu a mensagem e pareceu-me mais confiante à espera do desfecho feliz do caso.
Em seguida propusemos as experiências... Nem preciso dizer que a agitação foi geral, bolões sendo friccionados na cabeça, bonequinhos de papel colando nos balões... Circuitos aberto e fechados em um apaga/acende contínuo sob olhares perplexos. Professoras com bússolas nas mãos, dizendo ser a primeira vez que tem esta oportunidade... Correntes elétricas representadas em pulseiras de bolinhas... Sensações indescritíveis...
As quatorze horas os professores da zona rural estavam em polvorosa, havia prenúncio de chuva no céu. As vans estavam a postos, um dos motoristas (Novo Oriente) veio até a sala adverti-los quanto a inviabilidade de transitar em alguns trechos depois da chuva. Fato este que hoje resultou na ausência da professora Edna. Sugerimos a elaboração dos registros e meia hora depois estávamos a sós, a Lêda e eu.
Tão logo a Lêda ligou nossos companheiros de viagem vieram nos pegar, foi só o tempo de devolver o equipamento multimídia para o locador, nos despedimos da Sandra e voltamos ao centro da cidade, como de costume, guardar o material excedente e pegar nossos objetos de uso pessoal.
Preferimos descer a serra com a luz do dia a parar para outra refeição, pois o lanche tipicamente nordestino tinha nos roubado a fome do almoço, por outro lado, a Francisca (cursista) havia nos pedido uma carona até Picos, não era de bom tom deixá-la esperando por tanto tempo.
Amelinha, Belchior, Gilberto Gil, Emilio Santiago, Milton Nascimento cantaram durante o nosso retorno. A Marta preparou uma seleção das melhores músicas que eu tocava no meu programa de rádio compondo assim a trilha sonora desta viagem, acompanho Amelinha nos "mistérios do amor", peço "bis", porém Lêda reclama diz querer ouvir outras músicas.
Contemplo a paisagem e comento com Francisca a beleza dos morros ao longe e das flores de jurema que enfeitam a margem da estrada, ela me mostrou uma pedra no formato de sofá, apesar das inúmeras vezes que percorri este caminho com destino a Teresina e agora a Valença, não conhecia este monumento natural.
Percebi que ela tem um pouco da minha "maluquez" e então comecei a apontar as diferentes imagens que as nuvens formam, passamos a viagem inteira nesta brincadeira e encontramos no céu: carneirinhos, galinha, cachorro, pássaro voando, bebê engatinhando e muitas outras coisas que as nuvens desenhavam para nós. Foi então que Francisca encontrou nos desenhos etéreos "a nuvem de algodão" que sua mãe fazia na sua infância. Ela fez um relato das vivências do tempo de criança.
Oriunda de família pobre de treze irmãos viveu sua infância e adolescência em uma pequena comunidade da zona rural trabalhou na roça, carregou água na cabeça (não em peneira, em latas e cabaças), retirada dos olhos d'água da região em que morava, lavou roupa nos grotões.
Quanto às "nuvens de algodão" ela explicou: a mãe fiava e tecia redes, relatou em minúcias como funcionava o processo descaroçar o algodão, estendê-lo em esteira (feita de tranças de palhas de carnaúba), dispor o algodão no fuso e no tear. Eu estava completamente embevecida, elaborando mentalmente a imagem do fuso, do tear.
Ah! Preciso confessar que tive inveja de Francisca, pois, apesar de ter vivido mais de dez anos em uma comunidade do interior (morava com uma irmã da minha mãe, que me levou quando minha mãe esteve muito doente por uma semana e não mais devolveu, só voltei a morar com meus pais, já adolescente), não tive metade dessa vivência, pois eu era a bonequinha de porcelana dos meus pais adotivos que não tinham filhos.
O mais tocante da história de Francisca e que ela andava todos os dias três léguas (18 km) a pé para freqüentar a escola, o material escolar consistia em um caderno que dividia com a irmã. Ambas percorriam o caminho diariamente com seus vestidos de chita, fazendo confidências e planos para o futuro, ou seja, sonhando com uma vida melhor. Estudava para as provas socando milho, arroz, café etc. no pilão com o caderno posicionado a altura dos olhos. Notei certa melancolia no relato de Francisca, é que sua família mudou-se para São Paulo, aqui ficou além dela, a irmã companheira de caminhos e da vida, mesmo assim morando em outra cidade. Francisca casou-se aos dezenove anos, estudou e depois de mãe de três filhas conseguiu fazer um curso superior.
A saudade tem sido sua companheira além dos pais e irmãos tão distantes, as filhas já não moram com ela todas estudam fora (uma em Teresina e duas em Picos). A sua vinda a Picos tinha o mais nobre dos propósitos: amenizar a saudade e angústia de um coração materno. por isso ao chegarmos a Capital do Mel fomos primeiro deixar Francisca, afinal ela tinha muito mais pressa do que nós para estreitar em seus braços suas filhas, o que já não fazia há algum tempo e nós (Leda e eu) fizemos isso na noite anterior.
Esta formação tem se constituído por excelência em espaço de aprendizado para mim. Tenho ouvido muitas histórias e refletido muito sobre diferentes formas de vida. Gostaria muito de ter chegado às mentes dos nossos cursistas com esta mesma gama de informações e de ter contribuído na construção de novos conhecimentos com a autenticidade que sustente a aplicabilidade. Não sei o que vou deixar ao término dos encontros, mas, sei muito bem o levo.
HAVIA FLORES NO MEIO DO CAMINHO
“HAVIA FLORES NO MEIO DO CAMINHO”: REGISTRO DO DÉCIMO ENCONTRO
Hoje é sábado, 23 de maio de 2009. São cinco horas da manhã tenho que cuidar da vida, pois um compromisso inadiável e intransferível me espera, não só mim, mas também o meu amigo Vilebaldo. Ligo para ele... Minutos depois tomamos a estrada rumo a Valença do Piauí.
Após percorrermos a metade do caminho o sol se levanta um tanto quanto tímido por trás do montes, e as flores que margeiam a estrada vão colorindo nossa viagem. Peço para o Villa parar para apreciarmos e tirar algumas fotos.
"Há flores no meio do nosso caminho”...
Muitos carros passam velozmente e as pessoas perdem a oportunidade de admirar esta belíssima mistura de cores.
Hoje não temos pressa, a Lêda estará lá para acolher os cursistas e dividir a turma para a inclusão digital.
Ao chegarmos à escola tivemos uma surpresa não muito agradável: o laboratório de informática da escola não tem internet ainda e a escola que ficou de ceder seu laboratório teve problemas com vírus, e os pcs estavam travados. Fazer o quê?
Resposta: a abertura do último encontro com um texto ótimo em um slide lindo: “Palco da vida” cuja autoria é atribuída a Fernando Pessoa. “Pedras no caminho? Guarde todas, um dia construirás um castelo”. Era apenas o que eu precisava para transformar os entraves em oportunidade. Pois bem, após ouvir a opinião dos cursistas fiz minhas considerações e coloquei os slides que havia preparado sobre inclusão digital, partindo da questão: o que é inclusão digital. Com o espaço aberto cada um colocou sua percepção sobre o tema.
Após uma pequena pausa para o lanche, retomamos o assunto explorando os objetivos da inclusão digital considerando que as tecnologias facilitadoras e multiplicadoras da educação devem se estender à população que mais precisa delas, sobretudo, que nós podemos fazer isso acontecer. Visto que, cabe a nós educadores trabalhar para erradicar toda forma de exclusão. Na sequência expus os tipos de exclusão decorrente da exclusão digital; os excluídos e os agentes de inclusão digital; com ênfase na inclusão via escola. Antes do encerramento da manhã foi feito um sorteio para o amigo oculto, conforme sugestão de Marlene, ao sairmos para o almoço já sabíamos quem era nosso (a) amigo (a) oculto (a)
À tarde voltamos com o Vilebaldo, à turma estava dispersa, todos preparando alguma surpresa para o final. Um clima nostálgico pairava no ar, porém os preparativos para a confraternização logo mais à noitinha continuavam a todo vapor.
Ao retomarmos as atividades finais, notei a presença de um novo participante, ao qual fui apresentada, era o senhor César Noronha Secretário de Educação de Pimenteiras - PI, que veio prestigiar nossa confraternização.
Continuando com o tema inclusão digital decidimos exibir a página do teleduc. Leda levou o modem (TIM: internet móvel) da Lúcia. Abrimos a página, mostramos o ambiente, mural, agenda, correios, etc. Leda abriu o meu portfólio e aos poucos íamos mostrando os registros deles que eu havia postado. Pediram para ver o meu registro e li os dois últimos. O silêncio reinou absoluto enquanto eu fazia a leitura... Francisca chorou...
O Secretário de Educação de Pimenteiras comentou sobre os registros e comparou-me a Castro Alves. “Estamos diante de um Castro Alves de saia”. Em seguida pedi para elaborarem o último registro e sugeri que respondessem o questionário avaliativo. Optei por fazer isso antes da confraternização para que as emoções finais não interferissem nas percepções, impedindo assim que fossem enfocados os pontos negativos do curso. O sol se escondeu e convidamos todos a se dirigirem ao pátio da escola para o encerramento.
Com a informalidade que me é peculiar iniciei o evento acolhendo os presentes (tínhamos alguns convidados dos cursistas) e tecendo um breve comentário sobre a feliz ideia da Celina ao propor que eu sugerisse alguém para ir ministrar o curso em Valença e prontamente me dispus a ir, sugerido o nome da Leda. Ressaltei que foi uma ideia iluminada e que em nenhum momento me arrependi da escolha, agradeci a todos e citei alguns nomes e situações relevantes.
Lêda reafirmou o que eu havia falado e também agradeceu a atenção a nós dispensada. Ao facultarmos à palavra, o secretário de Educação de Pimenteiras foi o primeiro a se pronunciar, referenciou a princípio a presença de Vilebaldo e a sua indizível poética, em um discurso eloquente expôs a contribuição do curso de formação para a educação especificamente na sua cidade, afirmou que os professores que ali estavam, atuavam como multiplicadores, pois muitas das atividades estavam sendo experimentadas nas escolas do seu município, e que ao longo do ano letivo todos os conhecimentos construídos no decorrer do curso seriam multiplicados.
A professora Raimunda (cursista), que atua como coordenadora pedagógica em Novo Oriente, fez seu discurso em nome de todos os seus conterrâneos. Discorreu de forma emocionada sobre as situações de aprendizagem vivenciadas durante o curso, enfocou a importância dos temas abordados e a metodologia utilizada, e assinalou a relevância dos laços de amizades estabelecidos neste convívio. Uma professora de novo Oriente juntou-se a Raimunda para render uma homenagem em forma de mensagem. A professora Salete de Valença também leu uma mensagem. Depois foi a vez da Ivone de Pimenteiras fazer suas colocações emocionadas e emocionantes e teceu inúmeros elogios a Lêda e a mim. Por fim a coordenadora pedagógica de Valença representando a secretária de educação fez algumas considerações acerca da relevância do curso.
Bom!!! Se houve tempo passaríamos a noite inteira ali “rasgando sêda”, (por isso a avaliação deve preceder esses momentos) mas, tínhamos convidados ilustres: o Vilebaldo, e o cantor de Pimenteiras: José Carvalho , que surpreendeu a todos com uma composição de sua autoria: “Educação”. Então convidamos o Vilebaldo para o recital, afinal o César Noronha estava ansioso por isso.
Inicialmente o poeta declamou “Dona Conceição” fazendo uma referência a todas as mães e mulheres presentes, na sequência a pedido da turma “Rio Guaribas”, seguido de Piauí (a pedido de César Noronha), “Homens de cimento e cal” (a pedido de Luiza Mara), entre outras. E novamente fui intimada a declamar uns poemas, declamei “Pão e arte” de Luiz Egito de Souza Barros (amigo e confrade upeano), o “soneto de amor” de Vilebaldo e da minha autoria “promessas de amor”.
Depois da magia poética de Vilebaldo e do musical de José Carvalho, revelamos o amigo oculto, principiei, pois havia tirado Conceição Cunha e não perdi a oportunidade de falar que foi o único rosto conhecido na multidão, apesar dela não me reconhecer. O amigo oculto seguiu seu curso, cada depoimento emocionante... “Foram muitas emoções”. E o mais interessante, eu abri e fechei (troca de presentes) o círculo não se rompeu. A impressão que dá, é que desta forma fechou-se um ciclo nas nossas vidas, sem que elos do convívio fossem rompidos. Outra coincidência eu tirei no sorteio o nome da Conceição (primeiro rosto conhecido, primeiras palavras amigas, e Francisca (últimas e marcantes confidências no caminho das flores) tirou meu nome no sorteio.
Após alimentar nossas almas com a poesia viva do Villa, a música de José e nossos egos com as palavras dos amigos, chegou à vez de alimentar o físico...hora do coquetel.
Alguns haviam contribuído para Marlene fazer um creme de galinha. Eu havia levado os salgadinhos (especialíssimos feito pela minha irmã Soly na madrugada) conforme o combinado com Leda, alguns levaram refrigerantes e Ivone trouxe da sua fazenda um queijo de aproximadamente três quilos. Comemos bebemos juntos (não a última ceia), mas o último lanche com toda a turma.
Para finalizar teço os comentários finais... José Carvalho encarregou-se de fazer a trilha sonora da despedida, cantando lindamente “amigos para sempre”. Entre abraços apertados, lágrimas, palavras embargadas pela emoção, os professores um a um foi se despedindo de nós.
Organizamos nosso material, devolvemos o projetor multimídia ao locador, nos despedimos da Sandra e do pessoal da escola, voltamos ao centro da cidade para nos despedir da Lúcia e fizemos nosso caminho de volta.
Um misto de alegria e tristeza nos invadia e ao longo do percurso comentávamos cada acontecimento do dia, e avaliávamos nossas performances.
O Villa avaliou tudo numa perspectiva positiva, porém a Leda e eu, enumeramos os pontos negativos que a experiência nos ajudará a eliminar nas próximas formações. Além de múltiplas vivências e significativas aprendizagens estou levando também desta formação muitas saudades.
O trânsito e o tempo foram bons aliados no nosso retorno antes das vinte e três horas Picos nos recebe com sua cortina de luzes.
Carregando água na peneira em São João da Varjota
FORMAÇÃO DE SÃO JOÃO DA VARJOTA
QUARTO ENCONTRO - 19 DE SETEMBRO DE 2009.
Hoje é sábado, mas, não é um sábado qualquer... Hoje é dia de carregar água em São João da Varjota, não do modo convencional, mas sim de uma forma inusitada. Hoje seremos muitos carregando água na peneira!!!
Os contratempos surgiram juntos com a manhã. O condutor da van não nos esperou, depois de alguns minutos de estresse total conseguimos uma carona com os professores de Paquetá.
Abrimos nossos trabalhos com os procedimentos habituais: acolhida, reflexão e prosseguimos com a exibição de vídeos que ficaram pendentes no encontro anterior. Percebi que os vídeos agradaram muito a maior parte da turma, porém, duas ou três professoras pareciam indiferentes, isso intensificou a ansiedade que sentia para adiantar a parte teórica, pois, assim como a maioria dos cursistas ainda fico ansiosa pelos experimentos... Some-se a essa preferência pela prática o fato de hoje ser dia de realizar uma verdadeira proeza.
Por volta das dez horas fizemos uma pausa para o lanche, que por sinal, está cada vez mais variado e apetitoso. Após o intervalo para o lanche fizemos então a abordagem do tema: “O ar o cheiro da Terra”. E como eu havia previsto o conteúdo de matemática ficou para ser explorado à tarde.
Às doze horas encerramos os trabalhos e fizemos a leitura dos recados dos admiradores secretos. Interessante é que o pessoal fica até depois do horário para receber seus recados.
Às treze horas retornamos, para alegrar os cursistas e espantar o sono habitual desse horário, Lêda e Elisiana fizeram umas dinâmicas. “Na sequência abordamos o capítulo um do caderno de Matemática: “Representando quantidades”, seguido de dois slides: “A beleza dos números” e “Porque é um, 2 é dois ...” relacionado à nomenclatura convencionada aos números naturais.
Enfim, chega o grande momento! Momento de experimentar... A pressão atmosférica em ação: verificada ao virar um copo cheio de água e o papel reter a água; e ao quebrar o palito de churrasco sob um jornal e ainda no experimento “água e ar não ocupam o mesmo espaço”.
Os professores demonstraram grande interesse pela confecção do pulmão, e eu não via a hora de carregar água na peneira.
Eis que chega o tão esperado momento... Fiz uma referência à poesia de Manoel de Barros: “O menino que carregava água na peneira”.
... O menino fazia prodígio.
Até fez uma pedra da flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
"A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Vai carregar água na peneira a vida toda
Você vai encher os
vazios com as suas peraltagens
E algumas pessoas
vão te amar por seus despropósitos." (BARROS, 2001)
Esta experiência, apresentada no curso de formação de tutores pela Dra. Deisy Munhoz, carrega em si um aspecto artístico traduzido na poética de Manoel de Barros, que inevitavelmente transporto para o nosso fazer pedagógico. Tecemos sonhos cotidianamente acerca da construção do porvir, pois, enxergamos nos educando os fazedores do amanhã, respectivamente é atribuído ao educador o papel de co-autor da história e construtor de uma nação.
Refletir essas atribuições é constatar quão delicada e complexa é a tarefa de educar, e a similitude desta tarefa com o experimento, que é simultaneamente singelo e implexo calcado no rigor da ciência. Assim é o magistério; ação sublime concebida como tarefa de sujeitos. Entretanto exige do educador uma busca constante de informação e formação de modo a compor, assim como as moléculas (a contextura que suporta água) o perfil de formador, sem perder de vista a poesia existente em tudo que nos cerca e em cada ser em formação. Tomo a liberdade de relevar a sugestão de Rubem Alves:
"(...) porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver_ eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana."
Depois de carregar água na peneira só nos restava os procedimentos finais, tais como: leitura de recadinhos, elaboração de registros e despedidas. Todavia, é mister ressaltar, que este experimento não finda ai, ao contrário, principia... Creio ser impossível a quem carrega água na peneira sair imune a este universo de meditações por esta proeza suscitado.
BARROS, Manoel. O menino que carregava água na peneira. In: Palavras de encantamento. São Paulo. Moderna, 2001.
Entusiasmo criador; inspiração. 4. Aquilo que desperta o sentimento do belo. 5. O que há de elevado ou comovente nas pessoas ou nas coisas. 6. Encanto, graça, atrativo. (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Positivo Informática LTDA, 2004)
ALVES, Rubem. A complicada arte de ver, disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u947.shtm. Acesso em 25.09.09 às 00h44min.
QUARTO ENCONTRO - 19 DE SETEMBRO DE 2009.
Hoje é sábado, mas, não é um sábado qualquer... Hoje é dia de carregar água em São João da Varjota, não do modo convencional, mas sim de uma forma inusitada. Hoje seremos muitos carregando água na peneira!!!
Os contratempos surgiram juntos com a manhã. O condutor da van não nos esperou, depois de alguns minutos de estresse total conseguimos uma carona com os professores de Paquetá.
Abrimos nossos trabalhos com os procedimentos habituais: acolhida, reflexão e prosseguimos com a exibição de vídeos que ficaram pendentes no encontro anterior. Percebi que os vídeos agradaram muito a maior parte da turma, porém, duas ou três professoras pareciam indiferentes, isso intensificou a ansiedade que sentia para adiantar a parte teórica, pois, assim como a maioria dos cursistas ainda fico ansiosa pelos experimentos... Some-se a essa preferência pela prática o fato de hoje ser dia de realizar uma verdadeira proeza.
Por volta das dez horas fizemos uma pausa para o lanche, que por sinal, está cada vez mais variado e apetitoso. Após o intervalo para o lanche fizemos então a abordagem do tema: “O ar o cheiro da Terra”. E como eu havia previsto o conteúdo de matemática ficou para ser explorado à tarde.
Às doze horas encerramos os trabalhos e fizemos a leitura dos recados dos admiradores secretos. Interessante é que o pessoal fica até depois do horário para receber seus recados.
Às treze horas retornamos, para alegrar os cursistas e espantar o sono habitual desse horário, Lêda e Elisiana fizeram umas dinâmicas. “Na sequência abordamos o capítulo um do caderno de Matemática: “Representando quantidades”, seguido de dois slides: “A beleza dos números” e “Porque é um, 2 é dois ...” relacionado à nomenclatura convencionada aos números naturais.
Enfim, chega o grande momento! Momento de experimentar... A pressão atmosférica em ação: verificada ao virar um copo cheio de água e o papel reter a água; e ao quebrar o palito de churrasco sob um jornal e ainda no experimento “água e ar não ocupam o mesmo espaço”.
Os professores demonstraram grande interesse pela confecção do pulmão, e eu não via a hora de carregar água na peneira.
Eis que chega o tão esperado momento... Fiz uma referência à poesia de Manoel de Barros: “O menino que carregava água na peneira”.
... O menino fazia prodígio.
Até fez uma pedra da flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
"A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Vai carregar água na peneira a vida toda
Você vai encher os
vazios com as suas peraltagens
E algumas pessoas
vão te amar por seus despropósitos." (BARROS, 2001)
Esta experiência, apresentada no curso de formação de tutores pela Dra. Deisy Munhoz, carrega em si um aspecto artístico traduzido na poética de Manoel de Barros, que inevitavelmente transporto para o nosso fazer pedagógico. Tecemos sonhos cotidianamente acerca da construção do porvir, pois, enxergamos nos educando os fazedores do amanhã, respectivamente é atribuído ao educador o papel de co-autor da história e construtor de uma nação.
Refletir essas atribuições é constatar quão delicada e complexa é a tarefa de educar, e a similitude desta tarefa com o experimento, que é simultaneamente singelo e implexo calcado no rigor da ciência. Assim é o magistério; ação sublime concebida como tarefa de sujeitos. Entretanto exige do educador uma busca constante de informação e formação de modo a compor, assim como as moléculas (a contextura que suporta água) o perfil de formador, sem perder de vista a poesia existente em tudo que nos cerca e em cada ser em formação. Tomo a liberdade de relevar a sugestão de Rubem Alves:
"(...) porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver_ eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana."
Depois de carregar água na peneira só nos restava os procedimentos finais, tais como: leitura de recadinhos, elaboração de registros e despedidas. Todavia, é mister ressaltar, que este experimento não finda ai, ao contrário, principia... Creio ser impossível a quem carrega água na peneira sair imune a este universo de meditações por esta proeza suscitado.
BARROS, Manoel. O menino que carregava água na peneira. In: Palavras de encantamento. São Paulo. Moderna, 2001.
Entusiasmo criador; inspiração. 4. Aquilo que desperta o sentimento do belo. 5. O que há de elevado ou comovente nas pessoas ou nas coisas. 6. Encanto, graça, atrativo. (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Positivo Informática LTDA, 2004)
ALVES, Rubem. A complicada arte de ver, disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u947.shtm. Acesso em 25.09.09 às 00h44min.
E somos muitos carregando água na peneira
CARREGANDO ÁGUA NA PENEIRA EM VALENÇA DO PIAUÍ
Este telefone que não pára de tocar! Que outra alternativa, senão atender! É a Lêda tentando me acordar... São quase cinco horas da manhã e Valença nos espera! Ouço uma buzina é o meu irmão que me esperva há mais de meia hora. Pedi que ele fosse buscar a Lêda enquanto eu me arrumava... Cerca de trinta minutos depois pegamos a estrada.
Constatei que a paisagem banhada pela luz do sol é linda! Árvores revestidas por ramagens coloridas, flores brancas, amarelas e roxas... tantas cores revestindo as colinas e ladeando a estrada.
Desvio o olhar do cenário e olho de soslaio para o ponteiro (estavámos a 120, 140 km p/h). Meu irmão cantarolando o forró que toca no som do carro e o tempo passa rapidamente. (meu irmãozinho de 36 anos, pai de dois filhos, quase caçula, é o nono dos dez filhos, e o único homem entre as nove mulheres.).
Chegamos a Valença, hoje especialmente linda, reluzindo a luz solar depois da chuva, gotas cintilantes deslizando nas folhagens das árvores e arbustos. O dia está realmente explêndido revestido dos ares de inverno. Em nada se parece com a Valença que deixamos na penumbra há quinze dias atrás.
Passamos em frente ao colégio, muito cedo ainda! Então fomos tomar o café da manhã.
Antes das sete e meia voltamos à escola. Estavam à nossa espera apenas a Sandra e uma professora. Por um momento tivemos receio que o pessoal das outras cidades e da zona rural não comparecesse. Entretanto, meia hora depois já tínhamos um número razoável de cursista e iniciamos os trabalhos do dia.
Como sempre levei um slide com um texto, desta feita, algo direcionado ao dia da mães: "Mulheres", de Luís Fernando Veríssimo. "As mulheres são mães e preparam literalmente gente dentro de si..." É evidente que textos como este massageiam a alma feminina, então nem precisava registrar que: todas amaram!
Na sequência realizamos a abordagem teórica do programação: "Ar o cheiro da terra." Vale ressaltar que este tema abriu espaço para a participação de todos, cada um tinha algo a acrescentar, muito bom!!!
Após um pequena pausa para o lanche partimos para as atividades práticas, o que é sempre motivo de "festa", todos deixam o seu lado criança agir e vira uma algazarra: experimentar sucos diversos com o nariz tampado e adivinhar o sabor, manipular o "pulmão" confeccionado com balão e garrafa peti, mergulhar um copo com papel (no fundo do copo) na água e não molhar o papel, virar o copo com tampa de papel e a água ficar retida, tudo vira festa, principalmente quando o papel cai e a água derrama... Mas, nada pode ser comparado a peripécia de carregar água na peneira. É muita água derramada no chão e muita emoção quando se consegue, sensação inenarrável!!!
Bendita seja a Dra Deisy Munhoz que nos orientou na realização de tão magnífica experiência! Eu, que até então, só conseguia vislumbrar tal feito através de uma licença poética.
Os professores da zona rural de Novo Oriente sugeriram não pararmos para o almoço, pois temiam que as chuvas da tarde elevasse o nível de água dos riachos, impedindo a volta para casa. Todos concordaram e após a diversão com os experimentos exibimos o filme: "Uma verdade incoviniente", que despertou muito interesse por tratar-se de um documentário de um ex vice-presidente, então à medida que Al Gore ia colocando as questões ambientais, a turma ia relacionando com o que havíamos explanado durante a aula. Para finalizar fizemos um pequeno sorteio.
Por volta das quatorze horas os professores de Novo Oriente e Pimenteiras se retiraram e aos poucos a sala foi ficando vazia, a última professora a sair foi Nailê, como sempre a primeira a chegar e a última a nos deixar. Adoro a Nailê, ela demostra muito compromisso com a educação! Sozinhas tratamos de arrumar nosso material, e ligar para o locador do equipamento multímidia, tão logo ele veio pegá-lo, nos despedimos da Sandra e voltamos ao centro da cidade para guardar o material excedente e pegar nossos objetos pessoais.
Almoçar ou viajar? "Eis a questão!" Optamos por pegar a estrada com a luz do dia. Meu irmão muito solícito (perdendo um dia de suas férias), nos ajudou a arrumar a bagagem no carro, embora protestando que nós devíamos almoçar, pois ele já o tinha feito, acatou nossa decisão. E aos poucos pessoas, casas, carros, componentes do cenário valenciano foi ficando para trás.
O percurso de volta foi agradabilíssimo, a Lêda sugeriu a leitura dos registros, porém recusei e aleguei que era melhor conversar e admirar as diferentes paisagens formadas por belíssimos acidentes geógraficos e pela diversidade vegetal que margeia a estrada, ao som das músicas animadas do repertório preferido do meu irmão. Ela concordou, pois, sempre que viajamos o crepúsculo esconde muitos elementos que somente com a luz do dia e sob a chuva tem lá seus encantos.
Então começamos pela avaliação do encontro e realmente ficamos sensibilizadas com o pessoal que mora na zona rural, pois o deslocamento até Valença se constitui em uma verdadeira via crucis para muitos deles, porém, sempre expressam que a troca de experiência vale todo o sacrifício e por isso atravessam lagoas e riachos a pé empurrando motos e carros, mas não cogitam perder a aula. São pessoas assim comprometidas com a educação que nos permite acreditar no futuro.
Este telefone que não pára de tocar! Que outra alternativa, senão atender! É a Lêda tentando me acordar... São quase cinco horas da manhã e Valença nos espera! Ouço uma buzina é o meu irmão que me esperva há mais de meia hora. Pedi que ele fosse buscar a Lêda enquanto eu me arrumava... Cerca de trinta minutos depois pegamos a estrada.
Constatei que a paisagem banhada pela luz do sol é linda! Árvores revestidas por ramagens coloridas, flores brancas, amarelas e roxas... tantas cores revestindo as colinas e ladeando a estrada.
Desvio o olhar do cenário e olho de soslaio para o ponteiro (estavámos a 120, 140 km p/h). Meu irmão cantarolando o forró que toca no som do carro e o tempo passa rapidamente. (meu irmãozinho de 36 anos, pai de dois filhos, quase caçula, é o nono dos dez filhos, e o único homem entre as nove mulheres.).
Chegamos a Valença, hoje especialmente linda, reluzindo a luz solar depois da chuva, gotas cintilantes deslizando nas folhagens das árvores e arbustos. O dia está realmente explêndido revestido dos ares de inverno. Em nada se parece com a Valença que deixamos na penumbra há quinze dias atrás.
Passamos em frente ao colégio, muito cedo ainda! Então fomos tomar o café da manhã.
Antes das sete e meia voltamos à escola. Estavam à nossa espera apenas a Sandra e uma professora. Por um momento tivemos receio que o pessoal das outras cidades e da zona rural não comparecesse. Entretanto, meia hora depois já tínhamos um número razoável de cursista e iniciamos os trabalhos do dia.
Como sempre levei um slide com um texto, desta feita, algo direcionado ao dia da mães: "Mulheres", de Luís Fernando Veríssimo. "As mulheres são mães e preparam literalmente gente dentro de si..." É evidente que textos como este massageiam a alma feminina, então nem precisava registrar que: todas amaram!
Na sequência realizamos a abordagem teórica do programação: "Ar o cheiro da terra." Vale ressaltar que este tema abriu espaço para a participação de todos, cada um tinha algo a acrescentar, muito bom!!!
Após um pequena pausa para o lanche partimos para as atividades práticas, o que é sempre motivo de "festa", todos deixam o seu lado criança agir e vira uma algazarra: experimentar sucos diversos com o nariz tampado e adivinhar o sabor, manipular o "pulmão" confeccionado com balão e garrafa peti, mergulhar um copo com papel (no fundo do copo) na água e não molhar o papel, virar o copo com tampa de papel e a água ficar retida, tudo vira festa, principalmente quando o papel cai e a água derrama... Mas, nada pode ser comparado a peripécia de carregar água na peneira. É muita água derramada no chão e muita emoção quando se consegue, sensação inenarrável!!!
Bendita seja a Dra Deisy Munhoz que nos orientou na realização de tão magnífica experiência! Eu, que até então, só conseguia vislumbrar tal feito através de uma licença poética.
Os professores da zona rural de Novo Oriente sugeriram não pararmos para o almoço, pois temiam que as chuvas da tarde elevasse o nível de água dos riachos, impedindo a volta para casa. Todos concordaram e após a diversão com os experimentos exibimos o filme: "Uma verdade incoviniente", que despertou muito interesse por tratar-se de um documentário de um ex vice-presidente, então à medida que Al Gore ia colocando as questões ambientais, a turma ia relacionando com o que havíamos explanado durante a aula. Para finalizar fizemos um pequeno sorteio.
Por volta das quatorze horas os professores de Novo Oriente e Pimenteiras se retiraram e aos poucos a sala foi ficando vazia, a última professora a sair foi Nailê, como sempre a primeira a chegar e a última a nos deixar. Adoro a Nailê, ela demostra muito compromisso com a educação! Sozinhas tratamos de arrumar nosso material, e ligar para o locador do equipamento multímidia, tão logo ele veio pegá-lo, nos despedimos da Sandra e voltamos ao centro da cidade para guardar o material excedente e pegar nossos objetos pessoais.
Almoçar ou viajar? "Eis a questão!" Optamos por pegar a estrada com a luz do dia. Meu irmão muito solícito (perdendo um dia de suas férias), nos ajudou a arrumar a bagagem no carro, embora protestando que nós devíamos almoçar, pois ele já o tinha feito, acatou nossa decisão. E aos poucos pessoas, casas, carros, componentes do cenário valenciano foi ficando para trás.
O percurso de volta foi agradabilíssimo, a Lêda sugeriu a leitura dos registros, porém recusei e aleguei que era melhor conversar e admirar as diferentes paisagens formadas por belíssimos acidentes geógraficos e pela diversidade vegetal que margeia a estrada, ao som das músicas animadas do repertório preferido do meu irmão. Ela concordou, pois, sempre que viajamos o crepúsculo esconde muitos elementos que somente com a luz do dia e sob a chuva tem lá seus encantos.
Então começamos pela avaliação do encontro e realmente ficamos sensibilizadas com o pessoal que mora na zona rural, pois o deslocamento até Valença se constitui em uma verdadeira via crucis para muitos deles, porém, sempre expressam que a troca de experiência vale todo o sacrifício e por isso atravessam lagoas e riachos a pé empurrando motos e carros, mas não cogitam perder a aula. São pessoas assim comprometidas com a educação que nos permite acreditar no futuro.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
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