Ao longo de dezoito anos eu “me ajeitei sozinha
com a minha dor”[1]...
Fui criticada, julgada e às vezes condenada. Julgamentos torpes e condenações
injustas, advindas de algumas palavras, posturas e atitudes minhas. Com a ajuda
de algumas pessoas nefastas, submergi num enorme sentimento de culpa, culpa por
falar, por calar, por cair e levantar, por chorar... Culpa por estar viva!
Nunca fiz análise. Analisei,
elaborei, rezei e chorei... Passei mais tempo da minha vida chorando do que
qualquer outra coisa...
Morria aos poucos, mas, olhei ao meu redor e vi
duas vidas que dependia da minha, duas razões para existência. Entendi: “meus
filhos, minha vida”... É com eles e por eles, tudo o tempo todo.
Fui acometida pelo pânico de perdê-los...
Superprotegi, sufoquei, errei de novo e de novo tentando acertar o compasso do
excesso de amar.
Desenvolvi uma insônia crônica ao velar o sono
dos meus anjos e meditar sobre o futuro deles.
Busquei auxílio médico-amigo e por algum tempo recorri
aos antidistônicos para minimizar os efeitos da dor... E a dor? A minha dor? Nunca
passou!!! Abandonei os lenitivos... Não há remédio para a dor...
Aprendi a conviver com ela, a escondê-la, camuflá-la até que pudesse sublimá-la por meus filhos.
Vislumbrei na palavra uma forma de extravasar, mas teria que ser silenciosa, tal qual a dor... Passei a gritar no mais profundo silêncio das madrugadas insones e durante quatro anos amordacei minha dor, apesar de registrar os gritos mudos dos dilúculos insones e insanos.
Aprendi a conviver com ela, a escondê-la, camuflá-la até que pudesse sublimá-la por meus filhos.
Vislumbrei na palavra uma forma de extravasar, mas teria que ser silenciosa, tal qual a dor... Passei a gritar no mais profundo silêncio das madrugadas insones e durante quatro anos amordacei minha dor, apesar de registrar os gritos mudos dos dilúculos insones e insanos.
Vencido o ciclo de ostracismo, enchi-me de
coragem e joguei todas as palavras (coerentes ou não, corretas ou não) pela
janela do alvorecer sob o título “Palavra de amor”... Temperei a vida com a
saudade, saudade até do que não vivi: do neto que não tive, das formaturas de
meus filhos... Enfim, do ainda sonho em viver... Nunca mais fui à mesma
pessoa...
Se ainda me importo com críticas e julgamentos?
Não! Calce as minhas sandálias, percorra o meu caminho e assim estarás apto
para fazer qualquer julgamento...
A vida me fez frágil para amar e forte o
suficiente para defender aqueles a quem amo e aquilo em que acredito! E assim, eu sou feliz! Somos felizes... Eles são "a minha vida" e eu vivo para amá-los.
Eles e eu. Tudo o tempo todo por eles... |
[1]
Pe. Fábio de Melo, sobre a Tragédia de Santa Maria. Disponível em: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=395642977197120&set=a.192405184187568.44585.192397257521694&type=1&theater